Drone abatido, uma cadela na rampa, a faixa presidencial transferida pelo povo e os discursos de Lula

Lula, Alkmin e as esposas desfilaram em carro aberto

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi empossado neste domingo (1º), em Brasília. Ele vai exercer a presidência pela terceira vez, algo inédito desde a redemocratização. Sem a presença de Jair Bolsonaro, o presidente recebeu a faixa de representantes da população.

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Em seu primeiro discurso, no Congresso, Lula afirmou que foi a democracia quem venceu as eleições de outubro do ano passado. E disse, também, que encontrou um governo desmontado. Mesmo assim, o agora novo presidente falou que a mensagem é a da reconstrução e esperança.

Dezenas de milhares de pessoas, vindas de todo o país, acompanham a cerimônia na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. A equipe de transição do governo previa um público de 300 mil pessoas para a posse em Brasília. A Polícia Militar do Distrito Federal não divulgou estimativa de público.

O Preto no Branco separou uma síntese dos principais momentos da posse.

Carro aberto

Apesar de integrantes da segurança presidencial terem sugerido o uso de um carro blindado para mitigar riscos, Lula fez a opção pelo desfile em carro aberto, usando o tradicional Rolls-Royce presidencial.

Diante da decisão, um número recorde de agentes de segurança foi escalado para acompanhar o percurso. Cerca de 40 policiais acompanharam o veículo.

Às 14h30, o Rolls-Royce presidencial começou pontualmente o trajeto pela Esplanada dos Ministérios. Estavam no carro, em pé e acenando para os apoiadores, o presidente Lula; a primeira-dama, Janja da Silva; o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); a segunda-dama, Lu Alckmin.

O trajeto de cerca de 1,5 km terminou no Congresso Nacional, onde Lula e o vice Geraldo Alckmin foram oficialmente empossados.

PF derruba drone

Um agente da Polícia Federal usou um dispositivo antidrone para cortar o sinal de um aparelho que invadiu o espaço aéreo da Esplanada na tarde deste domingo, no evento de posse do presidente. O drone intruso foi “derrubado” lentamente pelo equipamento da PF.

A arma, que parece ter saído de um filme de ficção científica, funciona emitindo uma frequência que interrompe a comunicação entre o drone e o quem estava no controle. Dessa forma, o agente passa a controlar o aparelho. Ele pode mantê-lo voando até que a bateria acabe ou pousá-lo em um local para que seja destruído ou apreendido.

O amplo esquema de segurança para a posse envolveu cerca de 700 policiais federais, esquadrão antibombas, agentes à paisana, snipers e barreiras antidrones.

O look de Janja e Lu Alckmin

As roupas usadas por Janja e Lu Alckmin também tiveram seu destaque nas manchetes dos veículos de comunicação que cobriram a posse. Os trajes foram considerados acertados e capazes de mandar recados importantes à população por especialistas em moda ouvidos pela reportagem. 

Segundo a pesquisadora e analista de moda Paula Acioli, “o look escolhido por Janja para a posse, assinado pela estilista Helô Rocha, um conjunto de pantalona, colete e blazer estruturado de seda, bordado com fibras naturais, reafirma sua vontade de inovar e sua preferência por grifes e temas nacionais”.

O vestido de Lu também recebeu elogios da pesquisadora Paula Acioli. “Ela escolheu um look mais tradicional, de acordo com seu estilo e personalidade. O modelo, que muito lembra algumas versões já vistas sendo desfiladas por celebridades em outros tapetes vermelhos, chama a atenção pela cor, o branco, que parece simbolizar o desejo de paz e harmonia para os próximos anos.”

Quebra de protocolo

Lula quebrou o protocolo da cerimônia de posse no Congresso Nacional. Na hora de assinar o termo de posse, Lula pediu a palavra e disse que usaria uma caneta com valor sentimental, e não a disponibilizada pelo Congresso.

“Eu estou vendo aqui o ex-governador do Piauí, companheiro Wellington [Dias], eu queria contar uma história. Em 1989, eu estava fazendo comício no Piauí. Ao terminar o comício, um cidadão me deu essa caneta e disse que era para eu assinar a posse, se eu ganhasse as eleições de 1989.”

“Eu não ganhei as eleições de 1989, não ganhei em 1994, não ganhei em 1998. Em 2002, eu ganhei as eleições e, quando cheguei aqui, tinha esquecido a minha caneta e usei a do senador Ramez Tebet.”

“Em 2006, assinei com a caneta aqui do Senado. Agora, eu encontrei a caneta. E essa caneta aqui, Wellington, é uma homenagem ao povo do Piauí”, contou Lula.

Discurso no Congresso

Em seu primeiro discurso do terceiro mandato como presidente da República, Lula pregou uma reconstrução do país e da democracia. Ele repetiu o discurso de posse de 2003, quando assumiu pela primeira vez o cargo, ao enfatizar que seu governo terá como compromisso o combate à fome, tema que apontou como “sintoma da devastação no país nos anos recentes”.

O petista também usou sua fala no plenário da Câmara para pregar “democracia para sempre” e indicou que seu mandato não terá “nenhum ânimo de revanche”, mas que “quem errou responderá por seus erros”.

Em outro momento, Lula prestou solidariedade às famílias das quase 700 mil vítimas da pandemia de Covid-19 no Brasil e criticou o governo Bolsonaro, que classificou como “negacionista, obscurantista e insensível à vida” e de “atitude criminosa”.

O presidente anunciou medidas para reorganizar a estrutura do Poder Executivo, retomada de obras paralisadas, política de valorização permanente do salário mínimo, financiamento e cooperação internacional e nacional e a atuação dos bancos e empresas públicas como “indutores de crescimento e inovação”.

Lula também enfatizou o peso da agenda ambiental no seu governo e relembrou o compromisso de campanha de alcançar o desmatamento zero na Amazônia. “O Brasil não precisa desmatar para manter e ampliar sua estratégica fronteira agrícola”.

Outra tônica do discurso de Lula foi a diversidade. O presidente lembrou a criação do Ministério dos Povos Indígenas e da Promoção da Igualdade Racial, apontou “dívida histórica” do país com a população indígena e disse não ser admissível que “negros e pardos continuem sendo a maioria pobre e oprimida” e que “as mulheres recebam menos que os homens, realizando a mesma função”.

Subindo a rampa com a “Resistência”

Após sessão solene no Congresso Nacional, presidida pelo presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula se deslocou com o Rolls-Royce presidencial até o Palácio do Planalto, para a tradicional subida da rampa.

A cadela vira-lata “Resistência” também subiu a rampa. Ela morava no acampamento de militantes do PT em frente à Polícia Federal, em Curitiba, e foi adotada por Janja quando o presidente estava preso na cidade, em 2018.

Além de “Resistência”, acompanharam Lula na subida da rampa, a primeira-dama Janja Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa, Lu Alckmin, e um grupo de pessoas que representava a diversidade do povo brasileiro. 

Repasse da faixa

Com a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos nesta sexta-feira (30), o presidente Lula recebeu a faixa presidencial de um grupo de pessoas que representava a diversidade do povo brasileiro.

A faixa efetivamente foi passada por uma mulher negra catadora. Aline Sousa faz parte da secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores e tem 33 anos. Além dela, seis outros representantes da sociedade civil acompanharam o petista durante a cerimônia.

Entre eles estava o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó, o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o professor Murilo de Quadros Jesus, a vigília Jucimara Fausto dos Santos (natural de Palotina-PR), o influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha e a catadora Aline Sousa.

Discurso no Parlatório

Ao discursar no parlatório do Palácio do Planalto para o povo, Lula disse que reassumiu o compromisso de cuidar dos brasileiros.

Ao se dirigir aos apoiadores que o aguardavam na Praça dos Três Poderes, o presidente agradeceu o voto de seus eleitores, mas afirmou que vai governar para todos os brasileiros.

“Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado”, disse.

Depois de pregar a união, Lula criticou o que chamou de “minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático”, numa referência a apoiadores radicais que acamparam em frente a quartéis militares para pedir um golpe das Forças Armadas contra a posse do petista.

Ao longo do discurso, Lula abordou em diversos momentos os desafios da desigualdade e a necessidade de combatê-la, em um momento em que a extrema pobreza volta a crescer. O presidente se emocionou ao falar sobre o tema e chegou a interromper o discurso em lágrimas.

Ao encerrar o discurso no parlatório, o presidente afirmou: “Viva o Brasil, e viva o povo brasileiro.”

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