Dos 34 municípios paranaenses que registraram VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) superior a R$ 1 bilhão cada em 2023 (com ano base de cálculo em 2022), 11 são da região oeste e todos têm sua economia no campo voltada à pecuária, principalmente na produção de aves e suínos.
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Mas o mercado das carnes que produz bilhões ao oeste e responde pelo carro-chefe de muitas arrecadações municipais, pode estar sob perigo.
O risco se chama Reforma Tributária. “Estamos na dúvida, não temos esclarecimentos, não temos informações, estamos vivendo no escuro e lutando, por meio das entidades como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária e outras tantas para tentar reverter medidas que na reforma tributária penalizariam os agricultores e os cofres municiais com a arrecadação”, disse o presidente do Sindicato Rural Patronal de Cascavel, Paulo Orso.
Orso lembra que entre as medidas nocivas estariam o recolhimento de impostos não mais na base, ou seja, no local produzido, e passar para o local de consumo. Na outra ponta, o que se chegou a almejar foi uma tributação específica e direta ao produtor rural. “O que é inadmissível, o produtor não forma preço, ele produz e vende conforme dita o mercado”, avaliou o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara.
O prefeito de Toledo e presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, Beto Lunitti, também teme os efeitos devastadores. “Estamos lutando com as entidades para recompor receitas e tentar que o agro não seja extremamente penalizado com as mudanças que estão por vir”, alertou.
Aves, suínos, leite, peixes e o papel da proteína ao oeste
Enquanto a reforma não vem e pouco se sabe sobre seus reais efeitos na economia agro, os municípios celebram os bons números, mesmo com uma safra que sofreu com perdas extremas provocadas por fatores climáticos. Importante destacar que o VBP publicado em 2023 toma como base a safra 2021/2022. Assim, considerando os dados globais, mais de 70% das economias agrícolas dos municípios do oeste do Paraná estão pautados no segmento proteínas.
Toledo, por exemplo, que é o líder estadual pelo 10ª ano consecutivo na relação de dados agropecuários, registrou um valor bruto da produção agropecuária de quase R$ 4,3 bilhões em 2023. Os númer5os são do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Neste município, 75% vieram de segmentos da cadeia dos suínos (R$ 1,7 bilhão) e das aves (R$ 1,3 bilhão). “O oeste é um exemplo de transformação, de agregação de valores, é a principal região produtora de aves e suínos no Paraná e isso dá essas dados tão importantes a ela”, alegou o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara.
Cascavel, que cravou a terceira colocação no ranking estadual teve um VBP no ciclo de quase R$ 3,2 bilhões, mais de R$ 1,5 bilhão veio só do segmento aves, neste caso puxado pelo corte, postura e ovos para consumo , que representou mais de R$ 1 bilhão do total.
Os novos na lista dos bilionários
Juntos, os 11 municípios bilionários no campo no oeste somaram cerca de R$ 24 bilhões na produção bruta agropecuária. Fazem parte do seleto grupo do bilhão os municípios já mencionados de Toledo E Cascavel, somados a Santa Helena, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateaubriand, Palotina, São Miguel do Iguaçu, Nova Aurora, Cafelândia, Medianeira e Missal. As duas últimas, Medianeira e Missal, acabaram de entrar para o clube.
Em Missal, por exemplo, a base da economia agrícola local vem, mais uma vez, das carnes, a gigante produção de aves rendeu uma produção que em 2022 que alcançou incríveis R$ 223,5 milhões. O leite também ocupou lugar de destaque com VBP de R$ 43,7 milhões. A economia diversificada no campo fez com que o município ampliasse importantes linhas de produção e o segmento madeira apareceu em destaque. Somente esta cadeia teve um faturamento bruto de R$ 1,3 milhão.
Os grãos na cidade seguem entre os líderes de venda com R$ 99,3 milhões em VBP, mas a liderança absoluta, no entanto, veio da suinocultura que somou quase R$ 456 milhões no VBP.
Em Medianeira os segmentos se alternam com a suinocultura entre animais com menos de dois meses que seguem para a engorda em um setor que somou R$ 232 milhões. A suinocultura para o abate resultou em VBP de quase R$ 232 milhões. O milho rendeu R$ 85 milhões. A silagem também ocupou ponto de destaque, com R$ 43,5 milhões em negócios. “Se analisar os dados do oeste, existe um fechamento das cadeias, é a silagem, os grãos e o fim da cadeia com a produção pecuária. Isso agrega valor, produz renda, riqueza e valoriza o campo”, analisou Ortigara.
Para o diretor-presidente da Cotriguaçu, Dilvo Grolli, os números vêm coroar o bom desempenho, mais uma vez, do campo no estado. Ainda sem ter uma leitura precisa de como a reforma tributária poderá impactar o segmento, Dilvo reforça que o caminho da consolidação é se manter trabalhando, produzindo riqueza e alimentos para um bilhão de pessoas pelo mundo. “O Brasil produz alimentos para um bilhão de pessoas, é quase cinco vezes nossa população e isso vem daquilo que temos de precioso no Brasil e que se reflete muito no oeste: pessoas com vocação em uma região com vocação produtiva”, completou.
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