Desde crianças fomos ensinados de que o dinheiro é “sujo” – seja ele em espécie, seja ele em abundância. Desse modo, crescemos travando uma luta com esse vilão que tanto desejamos e/ou de que precisamos para viver. Você já pensou nisso?
Antigamente havia uma concepção de que pessoas ricas haviam enriquecido por meio de alguma atividade ilegal ou imoral, até desonrosa. Também entram aqui crenças religiosas que se tornaram “saberes” populares, como: “Dinheiro não traz felicidade”. Com isso, criamos uma mentalidade de aversão a ele. Tratamos mal o dinheiro, o desperdiçamos, nos livramos dele comprando objetos fúteis e algumas vezes até inúteis. Você já comprou algo que nunca usou, só usou uma vez, ou que se arrependeu depois? Eu também já.
Enquanto nosso comportamento e nossas crenças tendem a nos afastar do dinheiro, trabalhamos e estamos sempre correndo atrás dele. Que paradoxo!
O modo como nos relacionamos com o dinheiro revela nossa cultura financeira. Infelizmente, a população brasileira possui larga carência em termos de educação financeira, o que é demonstrado pelos altos níveis de comprometimento da renda e endividamento constatado em pesquisas.
Antes da pandemia (janeiro), 65,3% das famílias brasileiras se declaravam endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Cartão de crédito, carnês, financiamentos e cheque especial são os grandes problemas.
Na grande maioria dos lares, existe um gap (buraco) entre o orçamento familiar e o mundo dos investimentos.
Historicamente o brasileiro foi incentivado a poupar, por meio da cultura de depósito em caderneta de poupança. Porém, hoje o rendimento dela é pífio: com isso, o brasileiro não tem ganho.
Falta, no Brasil, um maior trabalho de educação financeira. Segundo a Revista Veja, é “um país com relação tumultuada (e cheia de culpa) com o capitalismo”, onde existe “preconceito com o dinheiro”. Temos que superar esse carma. Precisamos difundir uma cultura de investimento.
Tenho certeza de que a vida de muitas famílias seria melhor se houvesse uma educação financeira efetiva desde a infância. Porém, na prática constatamos poucas ações efetivas no âmbito escolar.
Desde 2007 o Brasil vem adotando medidas concretas para difundir o conteúdo em pauta. Inclusive foi elaborada oficialmente a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) – Decreto Federal 7.397/2010.
A ENEF é uma política de Estado de caráter permanente, que tem o propósito de contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes (www.vidaedinheiro.gov.br).
A intenção é bastante positiva, no entanto, ao observar o volume de iniciativas do Poder Público constatamos que o país ainda carece de esforços mais expansivos para alcançar esses objetivos.
É notório que o empenho maior está vindo da iniciativa privada. Instituições financeiras e profissionais autônomos têm gerado e disponibilizado online diversos conteúdos gratuitos a respeito de investimentos e finanças.
A novidade mais recente é o lançamento da escola de educação financeira da XP Investimentos, que aconteceu nesta semana, dia 22 de junho. Ela se chama XPEED School e vai oferecer também aulas sobre empreendedorismo, investimentos e trading.
De acordo com o CEO da XP Inc, Guilherme Benchimol, a missão da escola é democratizar a educação financeira no país. Porém, ninguém falou que todas as aulas serão gratuitas (algumas são, outras não). Sendo assim, o setor privado opera nos nichos desse universo e encontra neles mais uma forma de ganho.
Para o cidadão interessado, investir na própria educação pode ser considerado uma estratégia financeira – embora devemos reconhecer que nem todo mundo tem essa condição, daí a importância de materiais gratuitos e da abordagem de conteúdos sobre o tema no sistema público educacional.
O lado bom é que tem aumentado cada vez mais a demanda por informações sobre o mercado de investimentos – sinal de que estamos vivendo um momento de ruptura histórica.
A menor taxa básica de juros que o país já teve e que vigora atualmente também contribui para esse movimento.
Portanto, gradativamente está sendo construída uma mudança cultural. Cultura, aqui, é concebida como o conjunto de conhecimentos, crenças, capacidades e, principalmente, hábitos.
Não é uma questão de ficar rico(a), mas sim de ter melhor controle orçamentário, evitar o endividamento, constituir uma reserva financeira, investir e se preparar para a aposentadoria. É ter uma vida mais regrada nas finanças, disciplina, planejamento, metas e conquistas.
É buscar ter uma vida mais digna e confortável.
Vamos cuidar bem do dinheiro, para que ele cuide bem de nós?
Sucesso a todos!
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