A falta de profissionais para atuar na saúde pública em Cascavel e os iminentes problemas à população trazidos pela demora e filas intermináveis foram alguns dos temas centrais da reunião, com certa tensão, do Conselho Municipal da Saúde no fim da tarde de segunda-feira (14) em um evento realizado no plenário da Câmara Municipal de Vereadores.
Entre os eixos debatidos esteve a falta de profissionais nas mais diversas áreas e a demora para atendimento, entre outros campos, à odontologia, com clínicas “de primeiro mundo”, mas sem gente para trabalhar.
Fila interminável
Nada soou mais alarmante que as filas para atendimento psicológico. Há hoje em Cascavel uma fila com cerca de 11 mil pessoas, considerando cerca de 8 mil adultos e 3 mil crianças, esperando pelas consultas.
Para os conselheiros, o tema não é novo, vem sendo tratado com frequência e de forma constante, mas não há a apresentação efetiva de planejamentos e soluções pela Secretaria Municipal da Saúde para dar vazão às demandas. Para os conselheiros, enquanto não houver um plano de cargos bem estruturado no Município, seguirá a dificuldade para a contratação de profissionais, nas mais diferentes áreas, mas esse foi apontado como um dos problemas a serem solucionados.
Ainda em fevereiro deste ano o Conselho havia deliberado para que a Sesau apresentasse um plano de ação para as contratações e dar fluidez às filas. Como o planejamento nunca chegou, o Conselho acionou o Ministério Público, que também participou do encontro com o promotor Felipe Segura Guimarães Rocha.
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que enviou representante à reunião da Saúde, alertou que há uma fila de cerca de 3,1 mil crianças e adolescentes aguardando atendimento psicológico e que a maioria é de crianças em condições de violência ou de vulnerabilidade social, necessitando de procedimentos imediatos.
Para a representante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, se observa “prioridade na fala” dos gestores públicos municipais, porém, “no dia a dia não se vê essas prioridades” para as resoluções dos problemas. Para a integrante do CMDCA, antes da pandemia já havia uma condição preocupante, mas que após a pandemia piorou muito e sem perspectivas de solução.
“São 3.127 crianças somente em lista de prioridade, destas são mais de 60 crianças com prioridade máxima e com soluções paliativas”, lamentou ao usar a tribuna. A representante completou que, os planejamentos apenas para se ter planejamento não adianta de nada. “Se eu como professora planejar minha aula e não aplicar ela, não vai adiantar nada, com a saúde é a mesma coisa”, destacou.
Secretário admite falta de profissionais
O secretário de Saúde, Miroslau Bailak, disse que ninguém estava parado e que há na Secretaria 2.376 servidores e que durante os 3 anos e 7 meses em que está secretário foram convocados 2.022 concursados em todas as áreas, mas reconheceu os problemas gerados pela falta de profissionais. “Nesta semana chamamos 10 médicos, 2 tomaram posse e uma está grávida. Toda semana, a cada 15 dias estamos soltando um edital. Falta gente no mercado pelos mais variados motivos, mas a gente não deixou de planejar a saúde”, destacou.
Bailak disse que o Município articula contratar mil consultas para um mutirão de atendimentos em psicologia, mas reforçou que se trata de um problema crônico e nacional. “Estamos trabalhando nele e o compromisso é continuar o que está fazendo resolver filas é algo permanente e vai ter problema independente de quem está na gestão, mas o encaminhamento à próxima gestão está bem articulado”.

Promotor vai cobrar próximo secretário
O promotor Felipe Segura Guimarães Rocha avaliou que em sua gestão na Promotoria da Saúde herdou problemas crônicos e que se busca instrumentalizar para que sejam resolvidos, primeiro de uma forma administrativa e, no caso da não resolução, com processos judiciais.Para o promotor, a falta de profissionais é um problema nevrálgico e que tenta conciliar a demanda com o poder público para uma atuação resolutiva. “Se preza por uma resolução administrativa, com sugestão de mutirões, concursos públicos a serem realizados, estamos no período ainda de receber informações [sobre o que vem sendo feito pela prefeitura] para posteriormente cobrar de forma mais incisiva”.
O promotor reforça que um dos focos também está em aguardar quem será o próximo secretário da Saúde para assumir diálogo construtivo com os novos gestores que tomarão posse em 1º de janeiro. “Os candidatos que fizeram promessas, que cumpram. Vão ser cobrados, porque se prometeu, tem que cumprir e isso que vamos fazer, cobrar”, completou.

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