Forma-se a Coluna Prestes

Momentos marcantes da revolução tenentista: 1) chegando vitoriosamente a Foz do Iguaçu, revolucionários ocupam o marco das três fronteiras em 1924 2) Canhão legalista dispara no ataque final à posição revolucionária em Catanduvas, em 1925

No dia 27 de dezembro de 1924, a coluna gaúcha rebelde rompe ainda no Sul o cerco legalista, vai cortar as matas das bacias dos rios Uruguai e Iguaçu e alcançar o Paraná. Será um avanço penoso, repleto de riscos, peripécias e lições de estratégia militar.

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Os soldados gaúchos finalmente chegam ao Paraná em 7 de fevereiro de 1925. A intenção de juntar as forças gaúchas com as paulistas para sair do Paraná rumo à tomada do poder no Rio de Janeiro já não teria êxito, mas sua marcha daria origem ao mito do capitão Prestes, cuja coluna, formada em Foz do Iguaçu, iria inspirar a Grande Marcha da Revolução Chinesa.

“Ao passar pelo Paraná muitos contatos fizemos com pequenos camponeses e assentados, muitos deles inclusive se incorporando a nossa coluna. Se tempo tivéssemos, era uma região que caberia um maior trabalho de arregimentação de parceiros para estas difíceis tarefas” (Luiz Carlos Prestes, declaração sobre o Oeste do Paraná, “Quem Manda no Paraná Livro 2: A Era Camargo-Munhoz, oligarquias que transitam do Império à I República (1900 – 1930)”.

 

A ofensiva do governo

A que atribuir a calorosa recepção do sertanejo paranaense aos soldados gaúchos, numa época em que Prestes era um completo desconhecido no interior do Brasil? O abandono, a repressão, o custo de vida e as fraudes das oligarquias nos processos eleitorais explicam. A educação era reservada apenas aos filhos dos ricos e aos estrangeiros.

Mas estavam isolados no Sul, o que favoreceu ao governo preparar em março de 1925 uma formidável ofensiva para liquidar o movimento.

O ataque final às posições rebeldes no interior do Paraná começa em 23 de março. Mantendo o fogo, Rondon deflagra no dia 27 uma operação arrasadora: o Corpo da Brigada Militar e o 7º Regimento de Infantaria, integrados por mil soldados, cercam e vencem os 30 soldados revolucionários que mantinham posição em Cajati.

No dia seguinte, as forças legais apertam o cerco à última posição rebelde: Catanduvas. Os revolucionários capitulam no dia 29. No início da madrugada do dia 30, sob a promessa de que receberiam do governo um tratamento respeitoso, considerando sua condição de militares, formalizam oficialmente a rendição.

No entanto, os soldados vencidos seriam tratados com extrema dureza e enviados para o campo de concentração de Clevelândia do Norte, no isolado Oiapoque amapaense, destino dos líderes sindicais comunistas e militantes anarquistas apanhados pela repressão violenta desencadeada pelo governo.

 

Falha permite fuga

A estratégia de Rondon não contava com as brechas em seu cerco. Houve um grupo de rebeldes que furou o enorme cerco das tropas governistas e em 5 de abril de 1925 alcançou o antigo pouso tropeiro de Cascavel, ao Sul da atual cidade, então inexistente, de onde partiu para se reunir à coluna gaúcha e ao pelotão que controlava a fronteira.

Contrariando as intenções de Rondon, os soldados paulistas se encontram em 7 de abril com a coluna gaúcha em Benjamin (atual Céu Azul), ali celebrando um pacto de não-rendição.

Em 12 de abril de 1925, já reunidos em Foz do Iguaçu, a decisão de prosseguir a luta encontra um obstáculo na pressão governista, que marcha firme rumo à fronteira, onde Rondon pretende encurralar de vez os rebeldes remanescentes.

A retomada de Foz do Iguaçu pelas forças legalistas se dá uma semana depois, a 19 de abril, pondo fim a sete meses de administração revolucionária. É assim que tem início a legendária Coluna Prestes.

Uma das consequências do movimento tenentista, entre 1922 e 1925, com a Coluna Prestes percorrendo o interior e conhecendo uma realidade diferente daquela que os militares acompanhavam nas capitais, foi a descoberta dos interesses ingleses aliados com as oligarquias remanescentes do Império.

 

Revolução teve consequências

A união das colunas gaúcha e paulista no Oeste do Paraná pode ser considerada o marco inicial da decadência do controle britânico no Brasil. Os ingleses ainda comandariam a colonização no Norte do Paraná, mas em contrapartida crescia o poder dos EUA em São Paulo.

No pós-revolução, Arthur Hugh Miller Thomas organiza a Companhia de Terras Norte do Paraná, cujos estatutos são registrados em 24 de setembro de 1925. É o início da colonização do Norte/Noroeste do Paraná, prenunciando a avalanche cafeeira, que venceu o projeto inicial dos ingleses de transformar o Norte do Paraná num imenso algodoal.

A fama do Paraná como grande produtor de café começaria a partir de 1925, ano em que a rubiácea passa a ser plantada no território em grande escala. Com a expansão do café, que ocupa farta mão-de-obra, brotam vilas por toda a frente de colonização.

Essas vilas, mais a estruturação urbana dos centros de polarização, criam a necessidade de madeira beneficiada para a construção de casas. Com a manutenção das vendas já crescentes aos mercados nacional e estrangeiro, a nova procura por tábuas e móveis gera um ciclo sustentável para a indústria madeireira.

 

O salto do café

O avanço do café e a madeira mantendo e ampliando os mercados conquistados no pós-I Guerra vieram a calhar. Compensavam os investimentos feitos pelos ávidos desbravadores brancos ludibriados pelo habilidoso Índio Bandeira com o Conto do Ouro dos Jesuítas.

O vazio deixado pelo inexistente ouro dos religiosos, com o qual Bandeira explorou por algum tempo a cobiça dos brancos, foi rapidamente preenchido pelo que havia de mais óbvio a fazer com os campos livres: a criação de gado.

Nas eleições de 1º de março de 1926, Washington Luís (1869−1957), encarnação da oligarquia cafeeira paulista, obtém a maior votação até então alcançada por um presidente da República: 99,86% dos votos.

No interior do Paraná, enquanto os carroções dos poloneses já marcavam com a profundidade de suas rodas as trilhas carroçáveis existentes na região, a Industrial Agrícola e Pastoril do Oeste de São Paulo, que havia adquirido terras da antiga Meier, Annes & Cia, vendeu sua propriedade à Companhia Paranaense de Colonização Espéria Ltda.

Financiada por capitais italianos, a Espéria investiu muito em seu projeto, mas o empreendimento fracassou, uma vez que os poucos colonos de origem italiana atraídos para a região abandonaram as terras rapidamente.

 

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