O Estado do Paraná e o setor produtivo, deram as mãos para tentar resolver um problema que há décadas preocupa quem produz: o escoamento produtivo. Na mesa dos debates estão as ferrovias, como a Ferroeste no trecho de quase 250 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava, e a Malha Sul.
A Malha Sul é um conjunto ferroviário em trechos que atravessam Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de pequeno percurso em São Paulo. A malha é fundamental para levar cargas do Sul do país, conectando-se ao Porto de Paranaguá e a outras rotas.
A Malha Sul é operada pela Rumo Logística, que detém a concessão da ferrovia. Seus trilhos transportam principalmente grãos, farelos, combustíveis, fertilizantes, madeira e industrializados, sendo uma rota essencial para o agro e a indústria do Sul do Brasil.
A ferrovia se conecta a outros trechos férreos nacionais, permitindo a movimentação de cargas para outras regiões e facilitando a exportação via portos. A União estuda a renovação antecipada da concessão desta ferrovia ou uma nova licitação para o trecho em 2027. O setor produtivo pede uma nova licitação.
Uma Ferroeste dentro da Malha Sul?
Segundo o presidente da Federação as Indústrias do Estado do Paraná (Sistema Faep), Edson Vasconcellos, a história da Malha Sul pode se cruzar com a da Ferroeste, incluindo essa última na nova concessão. Ainda nada em definitivo.
Em agosto de 2024 o governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou a lei nº 22.129/2024, que autoriza o início dos estudos à desestatização da Ferroeste. A empresa tem 99,6% de participação estatal. A legislação prevê a continuidade da operação existente e o cumprimento dos contratos do Terminal Ferroviário de Cascavel.
Dentre as iniciativas está um estudo para definir a melhor modelagem do processo, que poderá resultar em um leilão na B3, em São Paulo, em até 18 meses. Segundo o estado, a privatização busca atrair investimentos para modernizar a ferrovia e o terminal, reduzindo custos logísticos, promover desenvolvimento econômico e fortalecer a matriz de transporte estadual.
A Ferroeste detém a concessão de Guarapuava e Dourados por até 150 anos, mas o trecho Cascavel-Dourados nunca foi construído. Segundo o governo do Paraná, a desestatização permitirá que o novo controlador avalie a expansão. Além disso, um estudo técnico propõe melhorias no Terminal Multimodal do Oeste, incluindo infraestrutura para cooperativas e exportadores.
Desde o fim do ano passado, Estado e o setor produtivo tratam do tema de uma forma mais próxima e que caminha bem em resoluções consensuais.
A Fiep e outras entidades pediram que o Estado reanalise a desestatização do trecho dentro de uma proposta específica.
Segundo Vasconcellos, o G7 foi convocado pelo Ministério dos Transportes para mostrar sua posição quanto à Malha Sul e se fechou em três grandes pontos. “Renovação ou uma nova concessão da Malha Sul em 2027. O Paraná responde por 80% das cargas, a indústria catarinense já está no litoral, o Rio Grande do Sul não tem características de escoar cargas como nós, do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai. Eles inclusive têm o porto do Rio Grande com capacidade ociosa”, reforçou.
O setor produtivo pede à União a retirada do Rio Grande do Sul da Malha Sul o que melhoraria as capacidades de investimentos e de estrutura férrea, considerando inclusive que o RS terá investimentos específicos após as enchentes de 2024.
Em um segundo ponto se defende que não se deve fazer a desestatização da Ferroeste com proposta de ela ser devolvida ao governo federal pelo Estado e uni-la ao trecho paranaense da Malha Sul. “Assim se resolve um problema de décadas para nós que é a concorrência de dois operadores. Porque a Ferroeste, em valores de mercado, não vale muito porque todos os bens são reversíveis à união após o fim da concessão. E o que vale nessa concessão é o fluxo de caixa”, destaca o presidente da Fiep.
O terceiro ponto é que o setor produtivo não vê como plausível a renovação da atual concessão da Malha Sul. “O Ministério fala muito em renovação, mas entendemos que uma nova certidão de nascimento traria benefícios com contrato moderno, atualizado, dando condições para uma forma contemporânea”, reitera.
Estudos do estado apontam para melhorias com a desestatização
Uma aproximação com o governo do estado se mostrou, segundo o setor produtivo, positiva para estes entendimentos quanto à malha ferroviária do estado, mas por enquanto o Estado mantém os estudos e reforça melhorias com a desestatização.
Quanto à Malha Sul, em março o Ministério dos Transportes deve ter um indicativo sobre a renovação ou nova licitação do trecho.
Enquanto isso, o governador Ratinho Junior tem se mostrado atento às demandas ferroviárias do oeste do Paraná. Em fevereiro aprovou o início das obras de pavimentação do terminal da Ferroeste em Cascavel com um investimento estimado em R$ 82 milhões. A iniciativa vai modernizar a infraestrutura do local.
O projeto prevê a pavimentação de oito quilômetros do terminal, abrangendo cinco rotatórias e o Pátio de Estacionamento, totalizando 95 mil metros quadrados de área asfaltada. A obra beneficiará mais de 1,2 mil caminhões que circulam diariamente pela região, facilitando o escoamento da produção agrícola. “A obra será executada com concreto, proporcionando mais qualidade e durabilidade para os milhares de caminhões que utilizam o terminal semanalmente. Isso fortalece a infraestrutura logística, especialmente com o Porto de Paranaguá cada vez mais preparado para receber cargas ferroviárias, e a Ferroeste desempenhando um papel fundamental na conexão com o Oeste do Paraná”, destacou o governador.
Com uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, o terminal atende há quase três décadas o setor produtivo da região, sendo um ponto estratégico para a exportação de grãos, farelos e produtos industrializados com destino ao Porto de Paranaguá. Atualmente, 14 empresas, incluindo grandes cooperativas, multinacionais e indústrias locais, operam no espaço.
Anualmente, cerca de 800 mil contêineres são transportados pela ferrovia, com destaque para grãos como soja, milho e trigo, além de farelos e outros produtos destinados ao Porto de Paranaguá.
No sentido contrário, a ferrovia recebe principalmente insumos agrícolas, adubos, fertilizantes, cimento e combustíveis. O terminal de Cascavel conta com moegas para recepção de cargas, tulhas de expedição ferroviária, balanças, silos e galpões para armazenamento e movimentação de mercadorias de empresas e cooperativas da região.
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