Histórias que inspiram

Amor! Essa é a palavra que pode definir perfeitamente o que uma mãe é. Ela é aquela que te carrega por nove meses na barriga e outros bons anos no colo. Ela é aquela que acorda na madrugada, que se preocupa se você está saudável, bem e acima de tudo feliz.

Ser mãe é, além de todo esse desdobramento que cada uma faz para, na maioria das vezes, trabalhar fora, cuidar da casa, do esposo, e dar muito, muito amor aos seus filhos.

Neste domingo, dia 10 de maio, é comemorado o Dia das Mães. E para homenagear a cada uma que está lendo essa reportagem, o Preto no Branco, em meio a essa pandemia e toda essa loucura que as mães estão passando (sim, elas além de tudo o que já fazem no dia a dia estão precisando se desdobrar para ainda cuidar e ensinar os pequenos o conteúdo escolar) ouviu três mães que mostram, só um pouco, o que a maternidade representa: um amor incondicional que, só entende, quem é mãe.

“Tenho uma filha de sangue, mas três no coração”

Um dos maiores sonhos da Marilene André de Paula Lujan era ser mãe e ela começou a realiza-lo em 2005, quando conheceu seu esposo. “Nós trabalhávamos em um supermercado, eu era caixa e ele repositor. Começamos a namorar e menos de dois anos depois nos casamos e começamos a planejar nossa filha. A ideia era de que, quando ela tivesse três anos teríamos outro filho. Foi uma filha sonhada, planejada, nossa preciosidade”.

Segundo Mari, em todos os exames de ultrassom não conseguiram ver o sexo do bebê e o esposo dizia que seria uma menina. “E então em setembro de 2009 nasceu o que ele tanto queria, a Luma Tainá”.

Os planos, conforme Mari, eram de que quando ela tivesse três anos teriam o segundo filho. “Como meu esposo era adotivo, não tinha irmãos, ele queria que a Luma tivesse irmãos, uma família maior do que ele teve. Porém o sonho foi interrompido de forma muito dolorosa”.

Quatro meses antes da filha completar 3 anos, o esposo ao voltar de uma viagem a trabalho, sofreu um grave acidente e morreu na hora. “Foi um baque para nós. Eu tinha minha filha pequena, havia sofrido um acidente de trabalho e estava encostada, não podia andar direito, foi bem complicado. Perdi meu chão, mas tive o apoio da minha família, da minha mãe e dos meus irmãos e logo voltei a trabalhar onde estava anteriormente”.

Marilene conta que seguiu por três anos sozinha com a filha, até que conheceu uma pessoa que tinha um filho de 11 meses e foram morar juntos. “Assumi o Pablo Leandro como meu filho, vivemos por quase dois anos juntos, mas o relacionamento era destrutivo e não deu certo. A única coisa boa que tive foi meu filho, que não deixou de ser meu filho. Ele mora com a avó, passa as férias comigo e no que eu posso sempre o ajudo. Existe ex-marido, mas não existe ex-filho”.

Pouco tempo depois da separação, Mari perdeu a mãe, que era seu apoio. “Segui minha vida, batalhando para cuidar da minha casa e da minha filha. Além da Luma e do Pablo, logo que me casei com meu esposo que faleceu, o filho de uma vizinha veio morar conosco. Ele ficou na nossa casa por mais de dois anos. Hoje é casado e tem um filho, que é como um neto pra mim. Posso dizer que de sangue tenho uma filha, mas de coração tenho três”.

Marilene e sua filha Luma Tainá

 

 

 

 

 

 

“Meu filho é uma dádiva de Deus em nossas vidas” 

Quando uma mulher se descobre grávida ela logo se imagina como serão os nove meses de gestação e como é delicioso levar aquele pacotinho de amor para casa após nascer. Mas, não foi bem assim que aconteceu com a Danielly de Sales, a mamãe do Vicente. 

Dani conta que, repentinamente, ouviu do médico a frase que a amedrontou na gestação. “Tinha uma gravidez tranquila, meu filho Vicente crescia saudável e, em um dia o médico me disse que meu filho precisava nascer naquele dia, naquele momento, que não podia esperar porque senão eu e ele poderíamos morrer”.

Vicente nasceu prematuro, de 28 semanas, considerado prematuro extremo, por conta de complicações durante a gravidez. “Eu tive síndrome de HELLP, meu fígado e rim praticamente entraram em falência e o parto era necessário. Meu filho nasceu e não veio para os meus braços. Eu fui para uma UTI e ele para outra, onde ficou por 68 dias”.

Ela lembra que o pequeno, hoje com dois anos e dois meses, teve vários problemas, várias intercorrências para sobreviver por ser uma criança muito fraca por ser prematura, com pulmão e coração muito fracos. “Ele ficou vários dias internado, nasceu com 960 gramas. Eu fiquei dois dias na UTI quando ele nasceu porque também tive complicações. Foi um susto muito grande porque eu não estava preparada para isso”.

Na UTI, o pequeno Vicente lutou pela vida. “Nos primeiros dias ele teve muita hemorragia e em um deles os médicos chamaram minha família para ir na UTI ver ele porque podia ser que ele não sobrevivesse. Rezamos muito, tivemos muita fé, muita esperança que ia dar certo. Pedimos a Deus para que tivéssemos a oportunidade de ser mãe e pai dele, porque ele era tudo o que queríamos. E assim foi. Meu filho é uma dádiva de Deus em nossas vidas”.

Hoje, contrariando todas as previsões dos médicos, Vicente é uma criança forte e feliz. “Por mais que ele tenha sido um bebê prematuro extremo ele não teve nenhuma sequela. Os médicos disseram que ele poderia ter paralisia infantil, ou mesmo cerebral, não andar, não falar, ter algum problema do coração. Graças a Deus nada disso ele teve. Vive uma vida normal, é uma criança muito ativa, tranquila e feliz”. Danielly de Sales mãe do Vicente

Danielly e seu filho Vicente

 

 

 

 

 

 

“Minhas filhas me deram muita força e tenho muito orgulho de ser mãe” 

O amor entre mãe e filhas foi o que fortaleceu Janaína Macioszek, que passou por dois tipos de câncer e uma separação extremamente dolorosa. Janaina foi mãe aos 20 anos, três meses depois de começar namorar. No começo, ela conta, que ambos decidiram por não casar, apenas namorar e cuidar da pequena Jaqueline. “Quando minha filha estava com quase três anos resolvemos casar. Passamos por muitos problemas financeiros. Nas nossas profissões não ganhávamos muito e comprávamos o que dava, mas tínhamos o apoio dos nossos pais”.

Ela lembra que moravam longe de todos e do trabalho e o ex-marido, por conta da profissão, ficava a semana toda fora e voltava para casa no fim de semana. “Eu acordava 5h30, pegava três ônibus, deixava minha filha na minha mãe e ia trabalhar em período integral em uma escola. Lá, meu pai deixava a Jaque pequenina no período da tarde e, ao fim do dia, nos buscava e levava para a casa da minha mãe, onde arrumava ela, dava jantar, e quando ela dormia pegava os ônibus e chegava em casa por volta das 23 horas para dormir e começar tudo no dia seguinte. Assim foi por dois anos até que nos mudamos de Curitiba para Cascavel”.

Aqui, um ano depois ela começou a trabalhar na escola que atua até hoje e, aos 28 anos, teve sua segunda filha Sarah. “Quando ela estava com três anos descobri meu primeiro câncer, um melanoma grau 4 na região do tórax. Foi um baque para todos e fui para Curitiba para procurar especialistas. Lá descobri que tinha uma síndrome que, todas as minhas manchas de pele cresciam e poderiam virar câncer. Não fiz quimio ou rádio porque o melanoma é um câncer muito severo, atinge nosso maior órgão que é a pele e então optamos por tirar as lesões. Cerca de 80 na época e até hoje ainda faço tratamento”.

Um ano depois, ela descobriu que, por conta do melanoma, o fluxo menstrual havia aumentado e, consequentemente não poderia mais engravidar por conta do risco. “Como já tinha duas filhas optamos por retirar o útero. Fiz todos os exames, a cirurgia e quando peguei a biopsia descobri que estava com câncer de colo de útero. Quando eu descobri o primeiro câncer já foi bastante doído, me permiti chorar durante uma semana, depois disse que não ia mais chorar porque se eu mostrasse fraqueza, a primeira coisa que ia afetar eram as minhas filhas e eu não queria ver elas fracas, não queria que as pessoas tivessem dó. E daí você descobrir que você está com câncer no colo do útero, você perder aquilo que é mais importante para mim que é ser mãe, que isso me foi retirado, por conta de um HPV, que na época eu não sabia que tinha”.

Superado mais esse trauma, a vida pregou mais uma peça a Janaina. O casamento de 19 anos acabou. “Até hoje não entendo direito o que aconteceu, mas infelizmente acabou e eu tive que aprender a me virar de novo. Foi muito duro porque eu dependia emocionalmente do meu parceiro, eu respirava tudo que ele fazia. Foi muito duro pra mim e eu achei que ia morrer. Na época que eu me separei, isso faz três anos, eu emagreci 22 quilos de tanta tristeza, acredito. Até que um dia, minha filha mais velha me disse ‘Mãe, até quando você vai se permitir sofrer? Você passou por dois câncer e isso vai te afetar? Um casamento que não deu certo?’ eu parei para pensar e disse: não, isso não vai mais ser assim. Quando fazia quatro meses que eu havia me separado eu conheci outra pessoa, uma pessoa maravilhosa que tinha passado a mesma situação que eu, na mesma época que eu, e juntos começamos a amparar um ao outro. 

Janaina conta que, a partir daí resolveu dar uma nova chance a si mesma “Eu descobri de novo o amor pela vida, e descobri que sou uma pessoa superforte porque passar por câncer não é fácil. A gente acha que vai morrer todos os dias. A gente fica neurótica por tudo e depois passar por uma situação de uma separação dolorosa, muito doída, muito muito. Parece que você está sempre no buraco. Quando você consegue pegar uma pedra para sair do buraco vem alguém e despeja mais um pouco de terra, aquela pedra se desloca e você cai de novo. Minhas filhas me deram muita força, elas são muito especiais e eu tenho muito orgulho de dizer que sou mãe. Pessoas maravilhosas de alma, que têm empatia pelo outro, que têm sentimento. Elas são tudo para mim”.

Janaína e suas filhas Sarah e Jaqueline

 

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