Os jesuítas espanhóis denunciaram insistentemente as incursões dos bandeirantes de São Vicente, enviadas por Luís de Sousa Henriques, filho do governador geral da Repartição do Sul do Brasil, Francisco de Sousa, apelidado Francisco das Manhas por desviar dinheiro público para seu engenho.
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Obcecados por achar muito ouro, Francisco morreu em 1611 na miséria, mas certo de que finalmente havia achado fabulosas minas. Luís ganhou metade do Brasil como herança, mas perdeu o domínio em 1612, quando o Brasil passou a ser um só, tendo fim a separação com o Norte determinada em 1577. Se Chico das Manhas tivesse encontrado ouro é possível que o Brasil continuasse um do Rio de Janeiro para o Sul e outro formado pelas regiões Nordeste e Norte.
As duas primeiras reduções jesuíticas espanholas na região do Guayrá datam de 1610. A de Nossa Senhora de Loreto, na foz do Rio Pirapó com o Paranapanema, era a capital da Missão do Guayrá, formada por aproximadamente dez mil índios Guaranis.
“Doze léguas à esquerda do Paranapanema e à direita do Pirapó”, o padre Lourenço de Lorenzana fundou a redução de Santo Inácio Mini (ou do Ipaumbucu), “na foz do Rio Santo Inácio, com numerosos índios Tucutis, denominação regional da vasta nação dos Tupis do Sul” (Romário Martins, Paiquerê, Mitos e Lendas).
O começo do fim
Nas cidades de índios dos jesuítas no futuro Paraná, além da extração da erva-mate os nativos mantêm lavouras, criam gado e produzem tecidos de algodão e lã. Aprendem ofícios e artes e pagam impostos ao rei espanhol.
Um severo atrito ocorrido entre espanhóis e portugueses em 1611, porém, antecipa uma contenda irreconciliável. O bandeirante Manuel Preto, que abriu a escalada de ataques a Guayrá em 1607, retornou em 1611, agora acompanhado de Pero Vaz de Barros.
Apresentou-se em Guayrá “com uma bandeira preadora de índios não aldeados, sofrendo a humilhação de ser atacado por d. Antônio Añasco, governador do Paraguai, que o alcançou e tomou-lhe os índios” (Romário Martins, Bandeirantes no Paraná).
A intensificação das bandeiras deu início ao despovoamento da região das missões no território do atual Paraná. Dentre as incursões, uma nova bandeira de Manuel Preto dava um duro troco aos espanhóis, escravizando grande parte da população indígena da região do Rio Piquiri. Ele retornaria em diversas ocasiões e só seria parado em 1630, abatido por flechas indígenas.
O primeiro gado
O bandeirante Vaz de Barros foi beneficiado pela “Ley sobre a Liberdade do Gentio da Terra, e Guerra que Se Lhe Pode Fazer”, de 10 de setembro de 1611, que reconheceu legal o cativeiro de índios já aprisionados, embora estabelecesse a liberdade para os demais índios. Uma liberdade que a natureza já garantia: bastava não ser capturado para o índio ser livre.
Enquanto os portugueses desafiavam os espanhóis, Hernandarias introduzia a criação de gado na margem oriental do Rio Uruguai. Essa iniciativa teria muito a ver com a futura história do Paraná – o tropeirismo será a busca do gado sulino para abastecer os mercados de São Paulo e Minas Gerais, tendo os Campos Gerais do Paraná como área de engorda. É a atividade que dará estrutura a Curitiba.
O padre Antonio Ruiz Montoya chega ao Guayrá em 1612, como auxiliar dos jesuítas italianos José Cataldino (1571–1653) e Simão Masceta. Trazia 44 bovinos e algumas ovelhas e cabras – “os primeiros a pisar o solo paranaense” (Almanach dos Municípios do Paraná). Sua vinda coincidiu com uma nova denúncia contra os bandeirantes, que acabavam de levar cerca de quatro mil índios para São Paulo.
O primeiro livro
Além de dar início à pecuária paranaense, Montoya escreveu na região, em 1613, o primeiro livro das Américas: Arte y Vocabulário de la Lengua Guarani, que depois seria impresso na redução de Santa Maria Maior.
Enquanto os espanhóis ainda dominavam o Oeste, os portugueses iniciavam sua colonização partindo do litoral. Em 1614, Diogo Unhate, morador da Vila de Santos, tabelião de São Vicente e escrivão da Câmara de São Paulo, requeria para si a região de Paranaguá.
Em 1615, o capitão Lázaro da Costa lança-se “com grande acompanhamento de paulistas e índios mansos” (Romário Martins) contra os Carijós do sertão do Sul. Com ele, destacam-se na atividade os bandeirantes Pero Vaz de Barros, Sebastião Preto e Antônio Pedroso.
Fazia parte da bandeira de Pedroso o menino Gabriel de Lara (1612–1682), filho de espanhóis. Com a família espanhola pioneira Peneda, Lara fundou a povoação na ilha de Cotinga, que depois se transferiu para a margem esquerda do Rio Taquaré (hoje Itiberê). É no Oeste e ao mesmo tempo no litoral, portanto, que começa a se desenhar a história do Paraná.
Mão de obra e minas
Em 1617, a Espanha dominava Portugal e, por extensão, também suas colônias, como o Brasil. Para governar melhor o imenso império, havia um governo para a América portuguesa e outro para a América espanhola.
O governador regional Hernando Arias Saavedra propôs ao rei Filipe III que dividisse a segunda também em duas administrações. Assim, a administração do Rio da Prata passou abranger Buenos Aires, Santa Fé, Corrientes e Concepción del Bermejo, um esboço da futura Argentina.
Por sua vez, a governança do Guayrá (ou Paraguai), que se estendia desde Assunção até Santiago de Jerez, na região do Itatim, atual Mato Grosso do Sul, incluindo a Ciudad Real del Guayrá e Vila Rica, no Oeste do atual Paraná sofreu grandes perdas territoriais pela ação dos bandeirantes.
A atividade rendosa dos portugueses na região foi capturar índios, mas durante o percurso também tinham a missão de procurar terrenos favoráveis à mineração.
Depois de longas jornadas em busca de minas que não achou, Manuel Preto ganhou o título de “mestre de campo” e com seu irmão Sebastião Preto capturou “grandes contingentes de índios das aldeias de Jesus Maria e de Santo Inácio” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná). A civilização que se construía no Oeste começava a ruir.
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