O professor Alceu Bertaioli foi o convidado do podcast “De Olho no Esporte” e compartilhou detalhes sobre o projeto de voleibol que lidera em Cascavel há mais de 30 anos. Uma iniciativa que, nascida de forma simples, cresceu e hoje movimenta mais de mil atletas de diversas idades.
O começo
A história começou ainda nos anos 1990, quando Bertaioli, então estudante e presidente do Grêmio Estudantil no Colégio Padre Carmelo Perrone, decidiu tirar as redes improvisadas das ruas e organizar a prática esportiva dentro da escola. “Todo domingo montávamos a estrutura no colégio, começando às 13h30 e indo até 19h, reunindo entre 150 e 160 participantes, entre crianças, adolescentes e adultos”, recorda. Com o passar dos anos, o projeto foi se estruturando. Atualmente, funciona em dois polos: no ginásio da Copel e em parceria com o Colégio Alfa. Sob o nome Projeto Voleibol Olímpico FARB (Família Rogério Bertaioli), atende cerca de 140 crianças, adolescentes e adultos, divididos em categorias por idade e gênero.
Regras e chance aos não federados
A criação da Liga Escolar de Cascavel de Voleibol e da Liga Adulta de Cascavel de Voleibol é uma ideia simples e democrática que oferece competições acessíveis, onde cada equipe paga apenas a arbitragem, sem taxas de inscrição ou outros custos. “Já tivemos 88 equipes participando. São times de escolas, associações e até municípios vizinhos como Jesuítas, Corbélia e Cafelândia”, destaca Bertaioli.
As regras são claras: apenas atletas não federados podem participar, o que garante o equilíbrio técnico entre os times. “Queremos nivelar para que todos tenham chance de competir e evoluir. Se colocássemos atletas federados, o nível ficaria muito desproporcional”, explicou. O formato da competição também é pensado para promover a prática esportiva de forma contínua. Cada equipe joga uma vez por mês, aos domingos, facilitando a logística para técnicos e atletas. Os torneios são divididos em séries ouro e prata, garantindo que todos permaneçam ativos até novembro, independentemente dos resultados.
Segundo Bertaioli, a dedicação dos professores é outro ponto forte do projeto. “Eles não recebem nada. São voluntários que doam seus domingos para incentivar o esporte. Para minimizar o sacrifício, organizamos de forma que cada professor acompanhe sua equipe apenas uma vez por mês”, explicou.
Pouco apoio ao esporte
A crítica ao poder público foi direta. Segundo o professor, há muito tempo Cascavel carece de uma política séria para o desenvolvimento esportivo. “Nossos governantes precisam entender que não é preciso rios de dinheiro para fomentar competições. Falta vontade, planejamento e respeito ao esporte”, afirmou.
Para Bertaioli, o futuro do esporte em Cascavel depende da renovação de lideranças e da consciência política de que o investimento no esporte é um investimento na formação de cidadãos. “Hoje temos referências no futsal, no handebol, no voleibol, mas é preciso mais. É preciso que novos líderes surjam e que o esporte seja tratado com a importância que merece”, concluiu.
Fonte: Celso Romankiv
Deixe um comentário