O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir a ministra da Saúde, Nísia Trindade, devido à insatisfação com a falta de avanços na gestão da pasta. Para ocupar a carga, foi escolhido Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais e ex-titular da Saúde durante o governo Dilma Rousseff.
A decisão foi tomada após duas reuniões no Palácio do Planalto. Primeiro, Lula conversou sós com Nísia. Depois, Padilha recebeu para tratar da mudança. Após ser informado sobre sua saída, o ministro reuniu o secretário-executivo do ministério, Swedenberger Barbosa, para comunicar a decisão. Ela ainda não repassou a informação aos demais secretários e servidores, mas marcou uma reunião com sua equipe principal para esta quarta-feira (25).
Nos últimos dias, uma indefinição sobre a permanência de Nísia levou setores do ministério a demarcarem compromissos previamente agendados. O clima de incerteza gerou frustração entre membros da pasta, que só souberam da missão pela imprensa.
Motivos de saída
Nísia foi a primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde e teve um perfil técnico valorizado no início do governo Lula. No entanto, a sua gestão foi marcada por críticas à articulação política e à demora na entrega de programas. O presidente vem cobrando ações mais visíveis à população, especialmente o programa Mais Acesso a Especialistas , que busca ampliar consultas e cirurgias no SUS. Apesar de ter alcançado quase todos os municípios em fevereiro, Lula considerou que os resultados positivos não foram bem comunicados.
Outros problemas agravaram a insatisfação do Planalto, como a explosão de casos de dengue, dificuldades na vacinação e falta de medicamentos no SUS. Lula também se irritou com a expectativa gerada sobre uma vacina contra a dengue, sem que houvesse doses disponíveis. A crise dos hospitais federais do Rio de Janeiro e a contaminação de pacientes por HIV na rede estadual também respingaram na gestão da ministra.
Em novembro, o jornal O Globo revelou que o governo deixou vencer 58,7 milhões de doses de vacinas desde 2023, um número 22% maior do que o registrado nos quatro anos do governo Bolsonaro.
O que esperar da gestão Padilha
A expectativa é que Alexandre Padilha faça parte da equipe de Nísia, incluindo Estela Haddad (Saúde Digital), Filipe Proenço (Atenção Primária) e Adriano Massuda (Atenção Especializada). A mudança ocorre no momento em que Lula enfrenta sua pior avaliação de popularidade, segundo o Datafolha, e busca reorganizar sua política de base.
Nos bastidores, aliados do governo avaliam que Padilha tem maior habilidade para articulação política e pode dar mais dinamismo às ações da Saúde. Ele terá o desafio de acelerar a execução de programas estratégicos e evitar novas crises na massa.
Fonte: O Gloo
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