Lula deve ordenar que Forças Armadas acabem com manifestos próximos a quartéis

Em Cascavel manifestantes estão na frente no quartel há mais de um mês | Foto: Catve

Matéria divulgada ontem (13) pelo jornal Estadão, informa que a remoção de manifestantes nos entornos dos quartéis será a primeira orientação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na conversa com os futuros comandantes-gerais das Forças Armadas, nos próximos dias. 

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Lula quer pôr fim aos protestos, na entrada de quartéis, que contestam o resultado das urnas e pedem intervenção militar no País. O presidente eleito teria dito que considera as concentrações um “desrespeito” às próprias Forças Armadas.

O assunto tem de ser levado aos generais porque os atos ocorrem em perímetro de segurança de área militar, sob a responsabilidade dos comandos das Forças Armadas e não das Secretarias de Segurança Pública dos Estados. Assim, o patrulhamento nessas áreas é controlado pela Polícia do Exército. Por isso, mesmo que quisessem, os governadores de estado só poderiam enviar a Polícia Militar para dispersar os atos se houvesse uma requisição do Exército.

Lula considera as concentrações um “desrespeito” às próprias Forças Armadas

 

Comandantes aguarda ordem

Nesta quarta-feira (14), outra reportagem, desta vez da Folha de S.Paulo, revela que os comandantes das unidades militares já se preparam para dispersar os atos em frente a quartéis pelo país assim que o novo presidente assumir o cargo, em 1º de janeiro. 

Por outro lado, revela que há um certo desconforto entre os militares, dado que os três comandantes ainda no cargo assinaram nota logo após a eleição dizendo que os atos eram legítimos e insinuando críticas ao que consideram perseguição do Judiciário contra bolsonaristas.

Contudo, há uma possibilidade de que os novos comandantes apontados por Lula assumam as respectivas Forças antes da hora. Isso porque os comandantes atuais deram sinais de que pretendem deixar os cargos antes da posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023. Mesmo que não sejam nomeados por Jair Bolsonaro, eles poderiam comandar interinamente, como oficiais de quatro-estrelas mais antigos da tropa.

José Múcio Monteiro, ex-ministro do TCU, que vai assumir a pasta da Defesa no governo Lula

 

Não será fácil

Militares consultados pelas reportagens dos dois jornais, relatam que acabar com as manifestações à beira dos quartéis não será uma tarefa fácil e temem por eventuais confrontos. O maior problema é justamente a participação de integrantes da reserva e da família militar nos atos, bem como o apoio dos Clubes Militares. Por isso, há também o risco de alguma insubordinação.

O crime cometido pelos manifestantes até aqui é o previsto pelo artigo 286 do Código Penal, o de incitação das Forças Armadas contra outros Poderes, ou seja, pedidos de intervenção para evitar a posse de Lula. É um delito brando, com pena máxima de seis meses e de difícil tipificação.

Contudo, depois do ocorrido na noite da última segunda-feira (12) em Brasília, com ato de vandalismo que se aproximaram do terrorismo político, a coisa mudou de figura. A ideia disseminada que os atos são pacíficos e legítimos foi abalada.

Um coronel da linha de frente comentou na reportagem da Folha, que seria péssimo o governo Lula começar com militares reprimindo adversários políticos, avaliação semelhante à de um político muito próximo da área da Defesa. Ambos dizem torcer para que a dispersão ocorra de forma natural, mas a resiliência dos atos não parece permitir tal otimismo.

A ideia disseminada que os atos são pacíficos e legítimos foi abalada com os episódios registrados em Brasília esta semana

 

Fonte: Estadão e Folha

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