Os corpos da escrivã Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e da filha Ana Carolina Souza, mortas na noite de quarta-feira (4), em Curitiba, foram velados na sede da Escola Superior da Polícia Civil durante a madrugada desta sexta-feira (6).
Em cortejo, os dois carros funerários seguiram no início da manhã para a cidade de Piraí do Sul, onde ocorrerá o sepultamento. No cemitério da cidade, está a mãe da escrivã da Polícia Civil.
A despedida ocorreu em meio a muita comoção e a presença de amigos e familiares. As duas foram mortas pelo delegado Erik Busetti, de 45 anos, que foi foi preso em flagrante após assassinar a tiros a esposa e a enteada na casa da família.
O tio de Ana e cunhado do pai da adolescente, Roberto Fehrenbach, falou com a Banda B. Ele veio de Pelotas (RS) e disse que a família não imaginava que essas brigas entre Maritza e o delegado.
“Não sabíamos destas brigas. O convívio sempre foi muito amigável, principalmente com a Ana. Nunca se ouviu nada. O que ocorreu provavelmente foi um desequilíbrio de momento, mas não viemos pensar nisso. Viemos aqui para viver este momento de dor, isso agora é o mais importante. O restante fica com a Justiça”, afirmou.
O pai de Ana passou mal e chegou a desmaiar durante o velório. “Ele é pai e está muito abalado, como qualquer pessoa que perde um filho. Estamos o amparando porque está sem forças, estamos ao lado dele. Agradecemos também o apoio e a solidariedade dos policiais civis que estão extremamente sensibilizados”, completou.
Ana era filha do primeiro casamento de Maritza. A escrivã estava casada com o delegado Erik há 10 anos. Os dois tinham uma filha de 9 anos, que estava dormindo na casa na hora dos tiros. Ela foi levada pelo pai até a casa de uma vizinha. Em seguida, ele se entregou.
De acordo com as primeiras investigações, Maritza e Erik estavam em processo de divórcio e haviam discutido muito na tarde anterior ao crime. Mãe e filha foram mortas na sala da casa. Elas foram encontradas abraçadas. O corpo de Maritza estava sobre o da filha, numa provável tentativa de protegê-la.
Defesa
De acordo com o advogado de defesa, Claudio Dalledone Júnior, Busetti está internado no Complexo Médico Penal em Pinhais com depressão profunda. “O estado de saúde dele demanda muito cuidado, pois sofre de um quadro de depressão profunda. No momento, ele está no Complexo Médico Penal sob vigilância e tratamento”, disse ele.
O silêncio de Busetti durante o interrogatório na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi justificado pelas condições físicas e psicológicas em que ele se encontra. “Ele não deu sua versão ainda, mas não porque ele não quis, nem porque quer falar somente em juízo, ele não apresentava condições psicológicas, nem físicas. Ele está absolutamente abalado”, revelou Dalledone.
O delegado foi levado também a um médico legista para exames, pois a equipe policial teria constatado lesões e rasgos na camisa usada por ele. “A autoridade policial e este advogado verificaram que ele estava com a camisa toda rasgada, com grandes rasgos. Então aquilo pode ter sido uma luta ou pode ter sido outra coisa”, afirmou o advogado.
Indignação
O presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná, o Sinclapol, Kamil Salmen, fez um desabafo sobre a morte da escrivã de polícia Maritza e da filha. Para o Sinclapol, o delegado deve passar o resto da vida na cadeia.
“É um crime brutal e não tem uma justificativa que seja para isso. Um cidadão, que trabalha com adolescentes, não pode fazer isso. Não tem loucura e nada será provado. Estamos todos indignados e revoltados com este cidadão, que não demonstrou conhecimento e cautela e, de forma brutal, tirou a vida de duas pessoas, sem lhes dar qualquer chance de defesa”, desabafou Salmen, em entrevista na tarde desta quinta-feira (5).
Salmen chamou o delegado de covarde e disse que ele era alguém difícil de se trabalhar. “Um covarde que deixou uma cena de horror e vamos lutar para que ele passe o resto da vida na cadeia. O que a gente sabe sobra o passado dele é que defendemos um escrivão que teve um problema com este delegado, que maltratava algumas pessoas que trabalhavam com ele. Então, era uma pessoa que poderia ter sido expulsa ou afastada até antes”, contou.
O presidente garantiu que o Sinclapol não vai sossegar até que a justiça seja feita e o delegado condenado e expulso da corporação. “Vamos até o fim. Ele sabia o que fazia e não estava em surto, tanto que executou duas pessoas e levou a filha para o vizinho. Disse que ia se matar, mas nem para isso teve coragem”, concluiu o delegado.
Busetti e a esposa, a escrivã de polícia Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, estariam em processo de divórcio, ainda não ajuizado, e há pelo menos três versões sobre a motivação do assassinato. O caso segue em fase de apuração.
Fonte: Banda B
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