O deputado estadual Marcio Pacheco (PDT), que está no segundo mandato na Assembleia Legislativa, confirma que é pré-candidato a prefeito e diz que não cogita qualquer possibilidade de mudar de ideia. Também manifesta ser radicalmente contra o fundo eleitoral, considerando um absurdo entregar dinheiro público para político fazer campanha enquanto faltam recursos para outras áreas.
Nesta entrevista exclusiva ao Preto no Branco, Pacheco faz uma análise da sua atuação parlamentar, do seu partido e também da administração de Leonaldo Paranhos em Cascavel: “Na campanha todos os questionamentos que você imaginar serão feitos”.
PRETO NO BRANCO – Exercendo seu segundo mandato de deputado estadual, como Marcio Pacheco avalia e resume a sua atuação parlamentar?
MARCIO PACHECO – Nós tivemos um primeiro mandato bastante conturbado. O então governador Beto Richa tinha indícios muito fortes de prática de corrupção. Hoje, mais do que nunca, está comprovado que nós estávamos certos. Entrei na política para servir e não tinha como compactuar com todos esses indícios de prática de corrupção que observamos. Fizemos um trabalho de combate, de enfrentamento. Agora, neste segundo mandato, do governo Ratinho, tem uma posição bastante diferente. Parece que ele está cumprindo o que ele se propôs na campanha e a gente tem dado sustentação ao governo dele na Assembleia. E por conta disso conseguimos uma série de realizações. Conseguimos destinar para a região Oeste e Cascavel 12 milhões e meio de reais. Aqui para Cascavel foram 4 milhões e 900 mil. Além da solução da questão do Trevo Cataratas. E a produção de leis. Foram 12 leis de minha autoria só em 2019.
PB – Na semana passada o senhor anunciou a liberação de recursos para Ubiratã e Cafelândia. Dá pra se dizer que hoje o Pacheco não mais apenas um deputado de Cascavel, mas de toda a região?
PACHECO – Fui o deputado estadual mais votado de Cascavel, com mais de 24 mil votos na última eleição. A minha raiz é Cascavel. Tanto é que dos 12 milhões que nós conseguimos praticamente 5 milhões nós destinamos para cá. Mas, tenho uma ligação forte com Ubiratã, a cidade onde me criei. E fizemos votações expressivas em vários outros municípios, como é o caso de Cafelândia, Corbélia, São Miguel do Iguaçu, Santa Tereza do Oeste, e que precisamos atender, até porque a representatividade política da região diminuiu.
PB – No final do ano passado foi aprovado pela CCJ da Assembleia um projeto de lei de sua autoria, que torna mais duras as regras do atendimento bancário. O que se pretende com essa lei?
PACHECO – O que os bancos fazem no Brasil é algo inconcebível. Lucros bilionários e só pensam cada vez mais em arrecadar e a atenção é mínima para a população. Existe uma lei que obriga os bancos a atender a população no prazo de 20 minutos. Mas, ninguém fiscaliza isso, porque não tem nada que comprove o tempo que a pessoa ficou na fila do banco. A nossa proposta é que a senha que o cidadão recebe na entrada do banco venha com a hora impressa e na hora que ele chegar a ser atendido, o funcionário imprima também a hora que iniciou o atendimento. Com isso conseguiremos comprovar quanto tempo ele levou para ser atendido e, se for o caso, ir ao Procon reclamar seus direitos.
PB – Outro projeto de lei aprovado na CCJ é um que pretende coibir a cobrança abusiva de remarcação de passagens aéreas. Como se pretende colocar isso em prática?
PACHECO – O cidadão que utiliza empresa aérea sabe do que falo. Ao comprar passagem aérea para economizar, compro com três meses de antecedência, porque o valor chega a ser mais barato do que passagem de ônibus. Mas, quando chega perto da data e eventualmente é necessário mudar a passagem, a empresa aérea cobra de você uma multa para alterar e ainda a diferença do valor da passagem para o preço atual, que obviamente já vai estar bem mais caro. É um absurdo. O que nós pretendemos é que a empresa só possa cobrar um valor de 10 a 15% a mais para remarcar, o que é justo.
PB – O seu partido, o PDT, tem se reestruturado no Paraná. Como está o alinhamento político com o Governador Ratinho Jr e qual a perspectiva para a próxima eleição em nível de estado?
PACHECO – O PDT será talvez o partido que mais crescerá nestas eleições. É um partido tradicional, com décadas de existência e que tem uma linha, uma raiz. Como agora não poderá mais haver coligações, o PDT vai montar chapas em muitos municípios, onde está estruturado. Serão eleitos centenas de vereadores e muitos prefeitos. Em Curitiba temos o Gustavo Fruet, em Maringá tem o Ulisses Maia que vai para a reeleição e aqui em Cascavel sou pré-candidato a prefeito. São perspectivas reais que o partido tem de crescimento. Aqui na região haverá muitas composições, com candidaturas a prefeito e em outras a vice-prefeito.
PB – E aqui em Cascavel? Como está o PDT? Conseguirá formar chapa completa pra ao Legislativo?
PACHECO – Sem dúvida. O PDT de Cascavel vai eleger uma bancada muito importante, especialmente com a nossa pré-candidatura. O PDT atrai as pessoas porque tem uma história. O PDT é o partido no Brasil com menor envolvimento na operação Lava Jato. Foi isso, inclusive, que me conduziu ao partido. Isso atrai candidatos para o nosso partido. Nestes meses de fevereiro e março já devemos fechar a nossa chapa de candidatos do PDT.
PB – O senhor já adiantou que é pré-candidato a prefeito. Mas, e como fica a questão da influência do governador? Sabemos que o Paranhos também é alinhado politicamente com ele. O Pacheco de fato vai levar esta pré-candidatura até o final?
PACHECO – Eu sou um homem de palavra. Eu disse já no ano passado. Levei três, quatro meses, refletindo se eu colocaria meu nome à disposição. Eu não sou um homem de falar uma coisa para depois negociar. Eu falo aquilo que eu sinto no meu coração, aquilo que é a verdade. E disse no início de 2019, eu sou pré-candidato a prefeito de Cascavel. Isso está mantido. E a relação com o governador, eu respeito ele e tenho dado sustentação a ele nas votações na Assembleia, mas a minha pré-candidatura é para a população de Cascavel. Eu faço política, me preocupando com a população. Me preocupo com o que o povo quer. A população deve ter acompanhado um vídeo de minha autoria, onde em que, a 8 meses da eleição, eu já declaro o declínio absoluto deste fundo eleitoral que é, infelizmente, a motivação de muitas candidaturas. Não é pensar no benefício do povo. É ter acesso ao dinheiro do fundo eleitoral, que é muito. Que vai entrar na conta do candidato pra ele gastar como quiser. Eu sou contra isso. Não é isso que a população quer. Eu já participei de quatro campanhas sem nunca ter pegado um centavo nem de fundo eleitoral e nem de fundo partidário. Campanha se faz conquistando voto e não comprando voto. Em relação ao governador, ele tem a liberdade de apoiar quem ele entender melhor. Mas, acredito que o governador não vai entrar nesse debate onde houver mais que um candidato alinhado com ele.
PB – O senhor falou que é contra o Fundo Eleitoral. E como seus companheiros de partido receberam essa notícia? Eles concordam com essa posição?
PACHECO – O que eu disse é o seguinte: em primeiro plano está a população. A população é contra isso. A população não concorda com isso. Eu vou fazer um outro vídeo anunciando o valor que viria para uma campanha do porte de Cascavel. Se o Brasil fosse um país de primeiro mundo, mas com os problemas que tem, com tanta gente sofrendo nas filas de creche, de saúde, precisando de uma cirurgia e você pegar 2 bilhões de reais e entregar para candidatos fazer campanha com dinheiro público. Eu acho isso uma barbaridade, um absurdo. A nossa decisão antecede a vinda de aliados, para que eles já venham sabendo que é esta a nossa postura.
PB – O senhor foi adversário do prefeito Paranhos na última eleição e deve ser novamente na próxima. Como avalia hoje o governo municipal de Cascavel?
PACHECO – Se você olhar no meu plano de governo de 2016 era um plano simples, mas exequível. E, certamente, faríamos muito mais do que estava no plano. Em contrapartida, o atual prefeito fez muitas promessas na campanha. E quando você faz muitas promessas, a população espera muito. E, na nossa avaliação, grande parte daquilo que foi prometido, na prática, a população não conseguiu sentir. Essa explicação e todas as cobranças nós vamos fazer na campanha eleitoral. Ele venceu as eleições e não vejo sentido de ficar fazendo uma série de oposições. Mas, na campanha todos os questionamentos que você imaginar serão feitos.
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