Mentiras, assim como corrupção, também precisam ser combatidas

Quem não acompanha o dia a dia da política talvez não tenha percebido o que realmente estava em jogo na polêmica questão envolvendo a anulação da cassação do deputado estadual Fernando Francischini em decisão monocrática do ministro Kassio Nunes na semana passada. O parlamentar paranaense foi cassado em outubro do ano passado pelo TSE por divulgar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas nas eleições de 2018. 

A reversão da cassação de Francischini teve reflexos diretos na composição das bancadas na Assembleia Legislativa do Paraná. Com o retorno dele à condição de deputado, mudou o coeficiente eleitoral e, com ele, votaram também outros três deputados. Ruim para a região Oeste, que acabou perdendo três deputados: Elio Rusch (Marechal Rondon), Adelino Ribeiro (Cascavel) e Nereu Moura (Catanduvas).

Mas isso só durou um dia, pois na terça a Segunda Turma do mesmo STF reformou a decisão isolada de Nunes e manteve a cassação de Francischini. A nossa região agradece.

Mas na real, o que estava em jogo mesmo no STF não era quem deveria ser deputado no Paraná. E sim como poderá ser o comportamento da Justiça Eleitoral diante das fake news que podem surgir na eleição que está por vir.

A cassação de Francischini foi a primeira na história do TSE de um parlamentar por difundir fake news, um precedente considerado perigoso por quem costuma usar deste expediente durante a campanha política. Foi um recado de que isto não será mais tolerado.

Ver políticos mentindo sobre os mais variados assuntos não é exatamente inédito e não levava a cassações. Mas, vamos ser sinceros, isso não pode ser visto como algo normal se queremos efetivamente moralizar a política neste país. Assim como a corrupção, a mentira também precisa ser combatida, e com o mesmo rigor, até porque na maioria das vezes uma leva à outra.  

Quanto ao STF, é fácil perceber que a situação está muito conturbada e a polarização política que já existe na maioria das camadas sociais, está tomando conta também do plenário da Suprema Corte. Basta observar que os dois ministros indicados por Bolsonaro votaram de uma forma e os outros três, indicados por Dilma, Lula e FHC, tiveram entendimento contrário.

Mesmo que esta não seja uma polarização partidária, na prática é o que está acontecendo e isso é muito perigoso. O que se espera dos ministros do STF que sirvam à Constituição e não a quem os indicou. 

* Jadir Zimmermann é jornalista, diretor de conteúdo do Preto no Branco

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