Mulheres representam 25% dos investidores da bolsa de valores

Imagem: B3

O universo dos investimentos ainda é predominantemente masculino. Esta constatação é irrefutável diante do estudo divulgado recentemente pela Bolsa de Valores brasileira, a B3, o qual demonstrou que as mulheres representam 25% dos investidores pessoas físicas. Significa que em torno de 75% deles são homens.

Em linhas gerais, o relatório “Uma análise da evolução dos investidores pessoas físicas na B3” apresentou dados bastantes positivos. 

A base de investidores no mercado de capitais (ações, BDRs, ETFs, FIIs e índices) registrou alto crescimento: enquanto em julho do ano passado a bolsa alcançou a marca de 1 milhão de investidores, em abril de 2020 já superou os 2 milhões. Portanto, dobrou o número de investidores em menos de um ano. Recorde sensacional!

Também foram observados nesse estudo características como faixa etária (público mais jovem) e comportamento da clientela da B3 (maior diversificação da carteira). 

O conjunto de números divulgados foi amplamente comemorado por empresas do setor financeiro, já que denota uma evolução relativamente veloz e aponta para a existência de um forte potencial reprimido. 

Se no Brasil o número de investidores representa apenas em torno de 1% do total de habitantes, para se ter uma ideia, nos Estados Unidos mais de 50% da população investe em renda variável. Na Europa e na Ásia, a proporção gira entre 20% e 30%. Ainda que preservemos as devidas proporções de renda, é possível vislumbrar uma grande margem de crescimento possível em nosso país.

Perfil de gênero

Voltando ao relatório, chamou a atenção a representatividade feminina na bolsa, que é de 1/4. Inclusive, na condição de jornalista, observei que o capítulo “perfil de gênero” não foi citado na matéria publicada pela B3 em seu site oficial, mesmo constando do levantamento. Um motivo a mais para que eu abordasse o tema aqui.

Não podemos negar que tivemos um avanço significativo no número de mulheres operando na bolsa de valores, pois em 7 anos passamos de 100 mil para 500 mil investidoras, atualmente. 

No entanto, ao observarmos os gráficos do relatório fica evidente que, apesar do aumento, não houve evolução em termos percentuais, na comparação de gêneros. 

Em 2013, as mulheres somavam 24% do total de investidores, quantidade que oscilou anualmente sempre orbitando esse número. Hoje ainda somos 25%.

Na minha visão, a condição de minoria feminina no mercado acionário é herança do modelo familiar patriarcal, que ainda possui reflexos em nossa cultura e no mercado de trabalho. Em vários setores, mesmo exercendo a mesma função que os homens, as mulheres recebem salários menores. Além disso, em várias estruturas familiares a mulher sequer possui renda, vivenciando uma condição de dependência financeira.

Já grande parte daquelas que estão em atividade produtiva precisam conciliar carreira, casamento, maternidade e afazeres domésticos, convivendo com escassez de tempo devido às suas jornadas múltiplas.

Não apenas fatores sociais interferem na presença das mulheres na bolsa de valores, mas também os fatores biológicos. Por natureza, a mulher tende a adotar um comportamento mais protecionista, seja em relação aos filhos, ao lar, seja em relação ao patrimônio familiar. Ao preferir a segurança, ela evita expor-se ao risco, inclusive àquele inerente ao mercado de renda variável.

Reversão

Embora haja desafios para o avanço da representatividade feminina, existem fatores positivos. A saída das mulheres para o mercado de trabalho foi um grande avanço, que continua em processo de expansão e consolidação. Inclusive hoje existem casos de esposas que ganham mais do que os maridos, sinal de uma reversão. Não se trata de uma competição, mas a sociedade admitir isso com naturalidade é um progresso cultural, em termos de não preconceito.

Ao mesmo tempo em que as mulheres possuem cada vez mais oportunidades de obter renda própria (seja com emprego formal, seja empreendendo), o mercado de capitais também está amadurecendo para facilitar o seu acesso a pessoas comuns.

O advento do Home Broker (programa que permite comprar e vender ações por meio de um computador pessoal) favorece em muito esse acesso, pois é possível realizar operações do mercado acionário no conforto do lar. Sendo assim, até mesmo a mulher que trabalha em casa pode fazê-lo, não sendo mais necessário o trabalho intermediário de um agente de investimentos.

Com acesso à internet, cursos gratuitos no Youtube, muita força de vontade e disciplina, as mulheres podem, sim, ampliar sua presença na bolsa de valores. E mais do que isso: podem fazer dessa atividade mais uma fonte de renda familiar.

Como fazer isso? Com iniciativa, muita pesquisa, estudo e organização. Nós temos potencial! Eu estou dentro. Se você também tem interesse, comece ainda hoje.

Sucesso a todos!

* A autora é jornalista e investidora. 

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