Na cidade onde Jesus nasceu não teve celebração de Natal este ano

Um homem se prepara para enterrar membro de sua família ao sul de Gaza

Neste ano, a cidade de Belém, o local de nascimento de Jesus Cristo, enfrenta um Natal sem suas tradicionais celebrações. O clima de festa e alegria que normalmente preenche as ruas da cidade durante esta época do ano foi substituído por um silêncio sombrio, um reflexo direto do conflito contínuo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

As luzes e canções que caracterizam a Praça da Manjedoura, ponto central das festividades natalinas em Belém, estão ausentes este ano. A ausência de turistas e peregrinos, que geralmente lotam este espaço histórico traz um peso ainda maior para a atmosfera da cidade.

Presépio cercado por arame farpado

Em um gesto simbólico e comovente, um presépio foi montado na cidade, mas com uma representação dolorosa: o menino Jesus cercado por arame farpado, uma homenagem trágica às crianças que perderam a vida nos recentes conflitos em Gaza.

Madeleine, moradora de Belém, expressa o sentimento de desolação que paira sobre a cidade: “A cidade não tem felicidade, não tem alegria, crianças, Papai Noel. Não há celebração este ano”.

O padre Eissa Thaldjiya, da igreja de natividade, lamenta a situação atual: “Sou sacerdote nesta igreja há 12 anos. Nasci em Belém, e nunca a vi assim — mesmo durante a pandemia de Covid-19“.

Relatos da tristeza

Além do silêncio nas ruas e na praça, a realidade dos residentes de Belém é marcada por histórias de perdas e sofrimento. Jawdat Mikhael, um morador de Belém, tem sua família presa no norte de Gaza. Em uma ligação emocionante com seu pai, Han’na Mikhael, Jawdat ouve sobre as condições extremas e a escassez de recursos básicos como comida e água. A família Mikhael sofreu perdas irreparáveis: a avó e a tia de Jawdat foram tragicamente mortas, vítimas do conflito.

O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, presente em Belém para seu discurso tradicional, vestindo um cachecol palestino, refletiu sobre a tristeza do momento: “Estamos em uma guerra terrível. Nossos pensamentos vão em primeiro lugar para Gaza, para o nosso povo em Gaza… 2 milhões estão sofrendo”.

Em meio ao cenário desolador, os sinos da igreja tocaram em Belém nesta manhã de domingo, enquanto alguns habitantes locais se reuniram em torno da instalação de Jesus nos escombros. Canções árabes pedindo paz ressoaram, e uma grande bandeira palestina foi erguida, simbolizando a esperança e a solidariedade dos residentes.

Imagens da guerra

Fonte: Folha

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