Novas invasões aumentam a tensão sobre a posse de terras na região

Invasores reivindicam a posse da Terra Indígena Guasu Guavirá, no município de Terra Roxa CRÉDITO: Jairo Pinto de Almeida/Funai/Coordenação Técnica Local de Guaíra

A região Oeste do Paraná, especialmente os municípios de Guaíra, Terra Roxa e Altônia, tem sido palco de intensos conflitos fundiários envolvendo agricultores e grupos indígenas. Nos últimos dias novas propriedades rurais foram invadidas, resultando em violência e uma crescente insegurança.

Em Terra Roxa e Guaíra, relatos de agressões a agricultores por parte de invasores têm exacerbado as tensões. Uma dessas situações aconteceu na segunda-feira (15), quando um agricultor ficou ferido num princípio de conflito após uma invasão.A situação é complexa, com a presença de não-indígenas entre os invasores, conforme denunciado por autoridades e políticos locais.

Protesto contra invasões

Na terça-feira (16), um protesto reuniu produtores rurais da região na rodovia PR-496, que liga o município de Terra Roxa ao trevo da BR-272. O local fica a aproximadamente 4 quilômetros da Fazenda Brilhante que, segundo os participantes da manifestação, foi invadida por um grupo de indígenas na segunda.

Os manifestantes se concentraram às margens da rodovia com tratores, caminhões e outros veículos, com faixas pedindo ao governador do Estado, Ratinho Junior, proteção aos direitos de propriedades: “agricultores pedem ações contra invasões”, trazia um dos materiais.

“Organizamos um movimento pacífico para demonstrar a insatisfação com a insegurança jurídica dos produtores rurais da nossa região, que vem registrando sérios problemas com invasões de áreas rurais”, ressaltou Fernando Marques, presidente do Sindicato Rural de Terra Roxa.

A Polícia Militar foi mobilizada para acompanhar a manifestação de agricultores contra a invasão de terras CRÉDITO: Portal Palotina

Medidas de intervenção

Em resposta à escalada de conflitos, o Governo do Paraná tomou a iniciativa de formar um grupo de trabalho. Este grupo, composto por representantes de diversos níveis governamentais, visa mediar o diálogo entre as partes e explorar soluções pacíficas, como a realocação dos indígenas para uma área adquirida pela Itaipu Binacional. Essa medida, além de proporcionar uma solução rápida, busca prevenir o prolongamento do litígio judicial, que poderia estender o conflito por anos.

O Secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Hudson Teixeira, esteve em Terra Roxa na quarta-feira (17). Ele participou de uma reunião no Sindicato Rural da cidade, quando destacou a importância de uma resolução rápida para evitar mais violência. A estratégia inclui a intensificação do policiamento nas áreas afetadas e a realização de uma triagem para identificar os verdadeiros integrantes das etnias indígenas envolvidas.

A presença de pessoas de fora dos grupos de indígenas nas invasões foi denunciada pelo deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Em um vídeo publicado em rede social, Lupion afirma que é “mais um fato lamentável” que “os ditos indígenas [estejam] invadindo propriedades, se julgando no direito de tomar o que é dos outros”.

Reunião em Terra Roxa reuniu autoridades para debater a questão das invasões CRÉDITO: Portal Palotina

Perspectivas e desafios

No início da semana o Sistema FAEP/SENAR-PR emitiu uma nota de repúdio à invasão de terras. “Mais uma vez, a região Oeste do Paraná é palco de invasões de terra. O local tem sido alvo frequente de indígenas invadindo propriedades rurais privadas. (…) O Sistema FAEP/SENAR-PR ressalta que a passividade do poder público em controlar as invasões têm servido de incentivo para que novos grupos se formem”, diz trecho da nota.

As discussões também chegaram à Assembleia Legislativa do Paraná, onde deputados de diferentes correntes políticas expressaram suas preocupações e propostas. A deputada Cristina Silvestri (PSDB) defendeu os direitos dos agricultores, enquanto o deputado Renato Freitas (PT) enfatizou a proteção dos direitos indígenas, reportando incidentes de violência contra as comunidades.

Os ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania e dos Povos Indígenas, juntamente com a Funai, também iniciaram uma missão para mediar os conflitos e assegurar que a violência não continue a se expandir. Relatos de agressões e impedimentos à assistência humanitária nas áreas ocupadas destacam a gravidade do problema.

Marco temporal

Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) agendou uma comissão de conciliação para tratar do tema. O ministro Gilmar Mendes definiu para 5 de agosto o início dos trabalhos da comissão de conciliação sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas. As reuniões de conciliação irão ocorrer até o próximo dia 18 de dezembro, com representantes do Congresso, entidades ligadas a questões indígenas, governo federal, estados e municípios.

Gilmar Mendes é relator das ações protocoladas pelo PL, PP e Republicanos, que pedem a validade do projeto de lei. Promulgada em janeiro, a lei do marco temporal define que os indígenas só têm direito às terras que estavam em sua posse até 5 de outubro de 1988.

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