Como era de se esperar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o alvo preferencial dos demais candidatos durante o primeiro debate presidencial na TV. O ex-presidente Lula (PT) também teve muitas questões espinhosas a responder, especialmente sobre corrupção, do qual procurou se esquivar.
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O assunto que mais aqueceu as discussões, no entanto, foi o respeito às mulheres, principalmente a partir de um ataque do presidente à jornalista Vera Magalhães. Além de Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), Ciro Gomes (PDT) e Lula se solidarizaram com Vera. O debate teve ainda a participação de Felipe D’Ávila (Novo).
O evento realizado na noite deste domingo (28), foi promovido por um pool de veículos de comunicação formado pela Band TV, Folha, UOL, e TV Cultura.
Além dos duelos entre Lula e Bolsonaro, houve um embate entre Ciro e o petista. Tebet foi uma das principais críticas do presidente no debate, mas tampouco poupou Lula. O chefe do Executivo manteve a calma nos enfrentamentos com adversários, mas se exaltou ao ser questionado pela jornalista Vera Magalhães sobre a vacinação.

Já Lula, em suas considerações finais, falou sobre melhoras na economia na sua gestão e mencionou indiretamente Alckmin, seu candidato a vice que saiu do PSDB, mas sem citar seu nome, e Dilma. Lula afirmou ainda que foi preso para que Bolsonaro fosse eleito em 2018.
Os demais candidatos, sobretudo Ciro, Simone e Soraya, pregaram uma alternativa a Lula e a Bolsonaro, equiparando os dois em alguns momentos e condenando a divisão política. Simone e Soraya fizeram dobradinha ao falarem sobre saúde, educação e feminismo.
O clima esquentou também nos bastidores. O deputado André Janones (Avante-MG), apoiador de Lula, e Ricardo Salles (PL), apoiador de Bolsonaro, partiram para uma briga e foram separados por seguranças.
Em reunião com assessores de todos os candidatos ficou acertado que não haveria plateia no estúdio, mas acompanhantes assistiram o debate em uma sala.
Lula e Bolsonaro não ficaram lado a lado no debate, como estava previsto em sorteio. Pouco antes do início do programa, a pedido da segurança das duas campanhas, a ordem foi mudada. Ciro foi às redes reclamar da alteração do posicionamento no palco.

Derrapadas
Integrantes das campanhas de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva elogiaram a participação dos seus respectivos principais candidatos à Presidência da República no debate deste domingo, mas admitiram derrapadas.
Aliados de Lula avaliam que o petista demonstrou equilíbrio, mas teve desempenho inferior ao da entrevista do Jornal Nacional e jogou por um empate. Segundo eles, Lula pecou por ter sido pouco incisivo na primeira resposta sobre corrupção no seu governo.
Bolsonaro, por sua vez, dizem integrantes da cúpula da campanha petista, saiu no prejuízo ao demonstrar agressividade, e, sobretudo, por ter atacado a jornalista Vera Magalhães e Tebet. Mas, avaliam que as declarações terão pouco impacto eleitoral.
A avaliação entre bolsonaristas é que ele conseguiu levar para o centro do embate a pauta ligada à corrupção, que é ruim para Lula.
Em uma coisa, integrantes das campanhas de Lula e Bolsonaro concordam, nos bastidores. Para ambos, Ciro Gomes e Simone Tebet foram os que se saíram melhor.

Terceira maior audiência do ano
O primeiro debate entre os candidatos à presidência da República alcançou a terceira maior audiência do ano na Band e uma das maiores da TV Cultura em 2022. No ranking do ano, o encontro entre os presidenciáveis ficou atrás apenas dos dois jogos do mundial de clubes disputados pelo Palmeiras, transmitidos com exclusividade pela Band.
Ao longo do encontro, entre as 21h e a 0h, a Band teve média de 13 pontos, sendo sintonizada por 20,6% dos televisores ligados, com pico de 14,8 pontos. A partir das 22h53, a Band assumiu a liderança, que já havia sido alcançada por alguns minutos durante o Fantástico, ficando então até o final do debate na dianteira.
Às 22h22, a Band tinha 14,5 pontos ante 13,5 da Globo. Ao longo do debate, a Globo teve 13,6 pontos, o SBT 7,2, a Record, 5,8 e a RedeTV!, 1 ponto. Somando ao bolo a plateia da TV Cultura, que oscilou entre 0,8 e 1,2 ponto ao longo do confronto, está assegurada a liderança do debate.
O debate ocorreu na mesma semana em que candidatos à Presidência foram sabatinados no Jornal Nacional, da TV Globo. Bolsonaro participou na segunda (22), Ciro na terça (23), Lula na quinta (25) e Tebet na sexta (26).

O que escreveram os analistas políticos
O Preto no Branco reuniu trechos das análises feitas por alguns dos principais articulistas políticos do País. Confira:
Igor Gielow (Folha): “O altamente antecipado debate entre presidenciáveis não destruiu nenhuma candidatura na pista para a eleição de outubro, mas demonstrou pontos de fragilidade a serem explorados pelos principais rivais da disputa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Havia tensão no ar, mas também um indisfarçável cheiro de antiguidade política. Lula parecia fora de forma, dado que seu último encontro do tipo havia sido contra seu atual vice, Geraldo Alckmin, seu adversário então tucano no longíquo 2006.”
Eliane Cantanhêde (GloboNews): “O presidente Jair Bolsonaro apareceu muito no primeiro debate entre presidenciáveis, mas agressivo, descontrolado, inconsequente. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder das pesquisas, não aconteceu, passou praticamente em branco. Quem chegasse de Marte teria a sensação de que a eleição está polarizada entre duas mulheres, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), que atraíram bem os holofotes.”
Claudio Dantas (O Antagonista): “No debate presidencial de hoje, na Band, a corrupção voltou a ser tema central. Notícia especialmente ruim para Lula, que não teve trégua durante toda a noite. Logo que chegou à emissora, Jair Bolsonaro disse que não apertaria a mão de ladrão, ganhando as manchetes dos sites e subindo rapidamente nos trending topics do Twitter.”
Miriam Leitão (O Globo): “Normalmente nos debates, o primeiro nas pesquisas não comparece porque vira vidraça. Lula foi, mas em nenhum momento mostrou aquele desempenho que teve no Jornal Nacional. Jogou na retranca. Errou por isso. (…) A melhor em cena foi Simone Tebet pelo conjunto do debate. Foi firme nas críticas a Bolsonaro, criticou Lula também em menor tom, mas foi também propositiva. Mais convincente, com um desempenho consistentemente bom.”
Robson Bonin (Veja): “Ao atacar Vera Magalhães sem defesa, o presidente virou alvo das candidatas Simone Tebet e Soraya Thronicke, que debateram sobre feminismo. Soraya inclusive disse que Bolsonaro é tchutchuca dos homens mas parte pra cima de mulher como “tigrão”. Lula ouviu o que não queria de Ciro, quando o pedetista disse que foi o petismo que elegeu Bolsonaro. Lula provocou lembrando que ele não foi para Paris em 2018, como fez Ciro. E tomou a resposta: “você estava preso”.
Silvio Cascione (Estadão): “Bolsonaro e Lula fizeram suspense durante toda a semana sobre ir ou não ao debate deste domingo. Talvez tenham se arrependido depois de uma noite ruim. Sorte dos outros candidatos, especialmente Simone Tebet, que tiveram uma ótima chance de aparecer. Quem não tinha nada a perder foi justamente quem aproveitou melhor o debate.”
Lauro Jardim (O Globo): “A pesquisa qualitativa encomendada pela campanha de Jair Bolsonaro detectou: o ponto baixo do presidente no debate da Band foi a grosseria atirada contra Vera Magalhães no segundo bloco do programa. Foi alvo de críticas não apenas das mulheres que participaram da pesquisa que era feita em tempo real, como também dos homens.”
Daniel Fernandes (Estadão): “O primeiro confronto entre candidatos no debate da noite de domingo foi entre Lula e Bolsonaro. Se o eleitor esperava ouvir propostas, recebeu a velha polarização entre o ex-presidente e o atual ocupante do cargo. (…) Na reta final, Ciro Gomes, como havia feito antes, fez uma tabelinha com o candidato do Novo, Luiz Felipe d’Avila, e apresentou algumas propostas. Era perto das onze da noite. E o eleitor provavelmente já tinha ido dormir, preocupado com a semana que está para começar. E foi então que o debate acabou. Com pouca proposta e (ainda) muita polarização.”
Bela Megale (O Globo): “O desempenho de Lula no primeiro debate entre os candidatos à Presidência frustrou boa parte de seus aliados na cúpula do PT e em outros partidos. A leitura feita à coluna foi a de que o ex-presidente adotou uma postura “apática” e diferente daquela celebrada pela coordenação da campanha na entrevista concedida ao Jornal Nacional.”
Bruno Boghossian (Folha): “Cercado por uma retórica de mudança, Jair Bolsonaro (PL) direcionou o debate na TV para o terreno do antipetismo. Para amortecer críticas a seu governo, o presidente tentou reivindicar o monopólio do campo conservador e fragilizar seu principal adversário.”
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