O imaginário social brasileiro

O imaginário social de um povo é formado pela sua produção artística* São as grandes obras que determinam o percurso pelo qual uma nação se entende: essa consciência histórica possibilita que sua população não se sinta perdida no espaço e no tempo. Todo o drama social e humano é reproduzido na poesia, nas peças de teatro, nos romances, na pintura, no cinema, na música, etc. dando sentido à existência em sociedade – a arte arquitetônica, por seu lado, com suas variadas formas, presenteia-nos uma visão mais bela das cidades, ou ainda, um fragmento de luz em meio a atmosfera caótica do dia a dia. O esquecimento dessa lição, impede o homem de se orientar, tornando-o presa fácil de correntes culturais deslocadas da realidade.

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O Brasil de hoje desaprendeu essa lição. O universo cultural no qual estamos inseridos é precário: toda a produção artística foi tomada por um grupo político envolvido em uma “causa”, reduzindo sua autenticidade em mera propaganda partidária. A imagem que essas pessoas têm da sociedade e dos indivíduos, onde as tensões das relações humanas, da própria existência, entre o eterno e o terreno, desdobram-se nos mais variados estereótipos políticos produzidos ao longo das décadas. 

O estado mental é o de total alienação. A sensibilidade, elemento primordial de qualquer expressão artística, desapareceu. Não são capazes de aperceber os problemas reais, pois se movem em um campo cuja linguagem responde aos apelos emocionais: gritos, sussurros, gestos (muitos dos nossos artistas sequer se dão conta que trabalham inconscientes em prol de um projeto político). O que temos é uma transcrição do drama existencial dos próprios envolvidos na produção artística.

O número de deformidades que se manifestam em nossa cultura torna o ambiente miserável.  Isso impossibilita uma compreensão acerca das correntes que povoam o imaginário social. Não se vê em nossas livrarias, por exemplo, um romance que transcreva o que é a vida nos bastidores políticos, quais as forças subjacentes, qual a troca de favor, quanto cada um leva em projetos abstratos; o que é a vida nas universidades, quais as correntes filosóficas que permeiam a mentalidade dos jovens; a vida nas grandes emissoras de televisão, nas redações de jornais; a vida na periferia, o que está em jogo no mundo crime, o que cada indivíduo esconde, o sofrimento humano e assim por diante. O abismo entre o povo e os artistas, nunca foi tão nítido. 

Quando toda a arte se esgota em chavões políticos, é sinal que o entendimento do que ela significa, não tem importância. As narrativas que descrevem as manifestações artísticas, atualmente, é pura propaganda marxista. Delimitar um padrão para o conteúdo que um povo irá consumir, é assassinar o fundamento da experiência genuína. A arte não se limita – ao contrário, ela articula-se em uma vastidão de convenções, de símbolos e de arquétipos próprios de sua estrutura.**

*Esse texto tem como fonte uma aula do COF (Curso online de filosofia) do professor Olavo de Carvalho, onde ele aborda a questão cultural brasileira e todo o seu desdobramento ao longo das últimas décadas. Ademais, o que sempre percebi é o total descaso com aquilo que tem um valor histórico na formação do país e uma supervalorização com o que é passageiro e sem valor nenhum, que nada agrega nem ao indivíduo em particular, muito menos a nação. 

**Sobre essa característica própria da arte, ver o clássico Anatomia da Crítica de Northrop Frye. Frye nos oferece, no campo da literatura, uma teoria sobre os temas, os modos, os gêneros, os símbolos, etc. ao longo do tempo na literatura. Isso vale as demais obras como a pintura e a música. A criação artística, é como que se movesse em círculos, onde certos arquétipos e temas são retomados. 

Fonte: Dionatan Rafael Toledo dos Santos.

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