Publicação do jornal O Estado de S. Paulo desta semana reporta que já somos 2,3 milhões de CPFs investindo na Bolsa de Valores brasileira, a B3 (Brasil Bolsa Balcão).
O mais curioso é que o número de pequenos investidores continua crescendo mesmo durante a pandemia de coronavírus e a atual crise econômica. Isso mesmo!
Segundo a reportagem, em março deste ano a bolsa registrou 300 mil novos investidores e em abril foram outros 100 mil, chegando a um total de 2,385 milhões de CPFs inscritos na B3.
Para se ter uma ideia, no fim de 2018 havia em torno de 800 mil inscritos, portanto, podemos constatar que esse número se multiplicou por 3 em cerca de um ano e meio.
Forte tendência
Ainda segundo o Estadão, juntas, as pessoas físicas somam R$ 31,8 bilhões investidos, ou seja, uma média de aproximadamente R$ 13,3 mil investido por pessoa (por isso são considerados pequenos investidores).
Os dados refletem uma clara tendência de migração para investimentos de renda variável, diante de um cenário de baixa atratividade do mercado de renda fixa, devido às margens reduzidas de ganhos.
Além disso, nesta semana o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central concretiza mais um corte na taxa básica de juros Selic, que alcança novo recorde histórico de 3% ao ano (e a projeção é cair ainda mais até o fim de 2020, segundo o relatório Focus).
Preços atrativos
Em contrapartida, a crise do coronavírus gerou queda drástica no principal índice na bolsa brasileira, o Ibovespa, que em seu ápice chegou a alcançar 119 mil pontos, mas caiu para cerca de 63 mil pontos. Especialistas apontam que em dólar o índice despencou quase 50%.
A desvalorização dos papéis negociados na bolsa fez com que seus preços ficassem historicamente atrativos e, consequentemente, a própria bolsa ficou ainda mais sedutora. Atualmente o Ibovespa orbita os 80 mil pontos.
Ainda assim, muitos investidores estão divididos sobre avançar ou recuar em suas posições, pois o mercado financeiro está mais volátil do que de costume. Todos estão apreensivos com o cenário incerto gerado pelas crises na saúde, na economia e relações internacionais, ao mesmo tempo em que muitos possuem uma natural perspectiva positiva pós-crise (médio a longo prazo): do índice voltar ao patamar anterior, o que permitiria prospectar ganhos expressivos ao se posicionar agora.
Tiro certeiro
Por outro lado, é importante ressaltar que a crise econômica ainda irá escancarar vários números com divulgação posterior e que terão impactos negativos, como PIB por exemplo, notícias que podem contaminar a bolsa e gerar novos recuos do índice. Ao mesmo tempo, os dados econômicos podem já ter sido precificados e não terem efeito posterior. Se tivéssemos alguma certeza, tudo seria mais fácil.
Paralelamente, existe o fluxo de notícias positivas no âmbito da saúde, como a redução da curva de Covid-19 e as divulgações de vacinas contra o coronavírus, que poderão injetar ânimo e esperança no mercado financeiro. Enfim, o humor dos investidores é tão volátil quanto o mercado de renda variável.
Portanto, mais do que nunca, vale a máxima dos investidores: “não se pode ser Rambo, é preciso ser sniper”. Se for investir, não trema.
Sucesso a todos!
* A autora é jornalista e investidora
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