A região oeste do Paraná, que congrega os Núcleos Regionais de Toledo e de Cascavel abrangendo 48 municípios, se prepara para uma safra recorde e com volumes históricos de trigo.
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Pelos dados do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), a colheita deve ser a mais expressiva em pelo menos três décadas.
Segundo o secretário de Agricultura Norberto Ortigara, isso tem relação direta com o retardo no cultivo do milho e, como muitos produtores perderam a janela de cultivo da safrinha, tiveram de migrar para o trigo. “Isso era de se esperar com o atraso no ciclo da soja na safra de verão, o que empurrou o plantio do milho para mais tarde e muitos produtores preferiram não se arriscar plantando fora do zoneamento o que resultou em áreas maiores plantadas com trigo”, reiterou o secretário.
O produtor Ernesto Galhardo fui um dos que viu as lavouras de milho minguarem e as de trigo ganharem espaço. “Ano passado eu cultivei 20 hectares de trigo como uma opção de forrageira e para rotação de cultura, neste ano foram 50 hectares para o trigo, mas principalmente porque não conseguimos plantar a safrinha de milho no tempo previsto. Esperamos agora uma boa colheita e que os preços do trigo reajam, hoje não pagam o custo de produção”, destacou.
“Isso era de se esperar com o atraso no ciclo da soja na safra de verão, o que empurrou o plantio do milho para mais tarde e muitos produtores preferiram não se arriscar plantando fora do zoneamento o que resultou em áreas maiores plantadas com trigo”
Menor dependência do mercado internacional
Na região oeste do Paraná, uma das principais produtoras do cereal no Estado, são cerca de 205 mil hectares destinados à cultura, maior área desde a década de 1990. Em todo o Paraná, segundo o Deral, serão 1,38 milhão de hectares.
Se a estimativa de produção se mantiver, lembrou o analista de Trigo do Deral, agrônomo Carlos Hugo Godinho, o oeste vai colher 680 mil toneladas. O Paraná poderá chegar à produção de 4,5 milhões de toneladas. O volume estimado para o Estado representa um terço de todo o trigo consumido no Brasil, que gira em torno de 12 milhões de toneladas/ano.
“Se tudo correr como estamos estimando, se o desenvolvimento da safra seguir dentro da normalidade e se mantiver a estimativa de colheita, a produção do Paraná somada a do Rio Grande do Sul (estimada em 6,25 milhões de toneladas) deverá suprir praticamente toda a demanda interna, reduzindo a dependência e o que temos buscado lá fora, com a importações. Em setembro já teremos um diagnóstico bem preciso de quanto de trigo precisaremos e se vamos ter de importar”, esclareceu o agrônomo.
Se a semeadura e a produção forem estendidas as do estado de Santa Catarina, a produção de trigo somente no sul pode se aproximar das 12 milhões de toneladas. Santa Catarina poderá produzir 435 mil toneladas do cereal.
Basicamente todo o trigo plantado no Brasil vem dos três estados, já que a cultura tem melhor adaptação ao frio. A triticultura é a segunda principal cultura de inverno no Brasil, atrás do milho safrinha ou chamado de segunda safra, porém, o cultivo ideal para esse cereal são os meses mais quentes. “A segunda safra de milho é de risco, porque pode pegar uma ou várias geadas no Sul do Brasil, mas ao longo dos últimos anos temos visto a produção de milho nessa safra crescer e já ser a maior delas no País”, reforçou o secretário de Agricultura, Norberto Ortigara.
Neste ano o Brasil vai produzir 133 milhões de toneladas de milho.

Paraná e Rio Grande do Sul podem suprir dependência nacional do trigo
Com uma produção que vem crescendo, aos poucos, o Brasil deixa de depender do trigo de países como da Argentina, Uruguai e do Leste Europeu, nesse último com o produto mais encarecido desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, que se estende por um ano e meio.
Se mantidas as estimativas somente do Paraná e do Rio Grande do Sul deverão produzir quase 90% do trigo que é consumido por ano no Brasil, se aproximando das 11 milhões de toneladas, diante das 12 milhões de toneladas consumidas.
No oeste do Paraná, uma das regiões com produção mais expressiva à triticultura no Paraná, a semeadura deve se encerrar nos próximos dias.
Em todo o Estado, como na região sul do Paraná a semeadura ocorre um pouco mais tarde se comparada a do oeste, a plantação do trigo alcançava a marca de 75% da área estimada para este ano até a semana passada. “Os trabalhos se intensificaram nas duas últimas semanas com a volta das precipitações no estado no final de maio, seguidas por um início de junho seco, mas com a umidade do solo mantida”, reforça o Deral em boletim semanal. O boletim foi divulgado antes das chuvas registradas nesta semana, consideradas benéficas para a germinação e início do ciclo de desenvolvimento das lavouras, o chamado desenvolvimento vegetativo.
Preço preocupa
Como nem tudo são flores no cultivo do trigo, apesar do ânimo trazido pelas chuvas antevendo um bom desenvolvimento, a queda dos preços da saca preocupa o setor. “Em maio o preço médio recebido por uma saca de trigo foi de R$ 69,01, valor 30% inferior ao registrado no mesmo mês de 2022 (R$ 98,60). Esse valor também é inferior ao necessário para produzir estes mesmos 60kg de trigo, conforme os dados referentes a maio divulgados pelo Deral. Os custos variáveis de trigo estão estimados em R$ 73,21 por saca, valor 29% inferior ao de maio de 2022 (R$ 103,69)”, esclarece o boletim do Deral.
Segundo o Departamento de Economia Rural, a retração na cotação é justificada especialmente pela queda nos preços de fertilizantes, mas que tem alcance limitado, pois muitos produtores já haviam adquirido o insumo antes do registro desse recuo.
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