O primeiro objetivo era Campo Grande, no antigo Mato Grosso unificado. Os pinhais da região de Taquara Verde, em Caçador (SC), onde a família Formighieri tinha seus negócios, não resistiram à rápida exploração ditada pelas exigências do mercado no pós-II Guerra.
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O italiano Augusto Formighieri decidiu aplicar os ganhos com a madeira na expansão do próprio negócio, comprando pinhais próximos, também no interior catarinense, mas sentiu que não seriam suficientes para os planos dele e dos filhos Alcebíades, Ademir, Adelar, Pedro, Almiro e Atílio.
A solução seria procurar áreas novas para ampliar as atividades. “O vovô sempre sonhava com coisa maior”, segundo o neto Valdir Formighieri, filho de Atílio.
Partindo para uma exploração que os levou inicialmente sem sucesso a percorrer uma grande distância rumo ao Norte, ao passar pelos arredores de Laranjeiras do Sul encontraram um dos irmãos de Augusto, Virgílio, que construía uma estrada na região do Rio Cavernoso.
Tudo em família
Virgílio os informou sobre as atividades da Colonizadora Maripá, que iniciava a exploração da antiga Fazenda Britânia, no Oeste do Paraná, onde haveria uma vasta área de pinhais.
A partir daí, segundo Valdir, “o assunto em Taquara Verde era só a fazenda Britânia da Maripá”, a vontade já irrefreável de mudar para uma região “com terras planas e boas” (Jornal do Oeste, 22 de abril de 2007).
José Neves Formighieri, filho de Virgílio, já vivia no interior de Cascavel desde 1946 e em 1952 seria o primeiro prefeito do novo Município. Os filhos de Augusto Formighieri travaram contato com os administradores da Maripá e foram convidados a montar uma serraria em Toledo.
Foi assim que em 21 de abril de 1947 também chegavam a Toledo os primeiros familiares do patriarca Augusto Formighieri, vindos de Caçador.
“Nós viemos com tudo de lá, foram seis meses de viagem para trazer toda a ferragem da serraria”, que se localizava na margem esquerda do arroio Toledo (Almiro Formighieri, Jornal do Oeste, 22 de abril de 2007).
A Fundação de Colonização
O lendário espontaneísmo da colonização oestina nunca houve. Na verdade, cada ação empresarial vinha na esteira de ações governamentais e os colonos vinham atraídos pela propaganda das empresas e a chance de abrir posses.
A Fundação Paranaense de Colonização e Imigração, criada pelo decreto-lei estadual 646, de 19 de junho de 1947 para proceder o loteamento e a venda de terras devolutas do Estado, foi apenas uma das várias ações iniciadas já em 1886, com Alfredo Taunay criou a Sociedade de Imigração do Paiquerê.
Naturalmente, a década de 1940, com o fim da ditadura, trouxe o fortalecimento da sociedade civil, livre para exercer pressão sobre o poder público, iniciando a simultaneidade de ações entre governo e iniciativa privada.
Ocorrem, nesse caso, respostas imediatas do governo às demandas inspiradas pela família Lupion e agregados em Cascavel e pelo braço político da Maripá de Toledo, a família Dalcanale.
Organização oficial de apoio à ocupação do interior paranaense, a Fundação Colonização e Imigração tinha como o filé da atração os filhos de imigrantes europeus já com algum pé-de-meia resultante de meio século de presença (e intenso trabalho) no Brasil. Foi o caso do deslocamento da família Formighieri para Toledo.
Interesses familiares também sociais
Tendo serrarias em Cascavel, a família Lupion fez incluir um ramal no Plano Ferroviário de Integração do Estado em 1947 que puxaria o trem em Cruzeiro do Oeste rumo ao Sul, alcançando Cascavel e aqui parando, sem mais objetivos adiante, deixando clara a intenção de beneficiar o transporte da madeira em tempos nos quais as vias rodoviárias não suportavam dois dias de chuva.
A precariedade do ensino, regulado antes pelo Município de Foz do Iguaçu, foi respondida pelo governador Moysés Lupion em 3 de julho de 1947 determinando a construção de um Grupo Escolar e Escola Reunida em Cascavel.
O estabelecimento foi rapidamente construído e entregue em 24 de setembro pelo inspetor escolar Acácio Pedroso, ex-prefeito de Foz do Iguaçu, à diretora May Ross Ferreira, até a nomeação da primeira diretora pelo Estado, Theonília Pompeu.
Vizinho à escola, na mesma época, foi construído o prédio próprio da Delegacia de Polícia, já com o concurso do primeiro policial-militar a atuar em Cascavel, Antônio Saks.
“Construíram a cadeia muito próxima, de fundos com a escola. Na hora do recreio os presos se distraíam assistindo, agarrados às grades, o futebol dos meninos e as cantigas de roda das meninas” (Maria Tereza Samways Lazari, aluna da escola).
Procura maior: combustíveis e bebidas
Aos 20 anos de idade, chegando a Cascavel a chamado do irmão Adelino, Arlindo Cattani encontrou naquele dia 7 de setembro de 1947 uma vila com apenas 40 casas, mas já com o grupo escolar e a delegacia de polícia construídos, além de um velho Correio em atividade.
O interior de Cascavel tinha a suinocultura mais robusta do Brasil e por conta disso o jovem Arlindo passou a transportar porcos para Ponta Grossa.
Voltava carregado com mercadorias para abastecer a Comercial Oeste Paraná (Copal), empresa que tinha atividades tanto em Cascavel quanto em Toledo. A maior parte da carga de retorno eram bebidas e combustíveis.
A primeira contribuição importante da família – Adelino, Arlindo e Aurydes – foi a bem montada empresa Comercial Irmãos Cattani, uma espécie de supermercado da época, fornecendo desde gasolina até comestíveis e tecidos.
A bomba de gasolina dos Cattani deu início ao Posto Central Shell, depois transferido a Waldemar Bomm.
Inspiração industrial
A força do estabelecimento dos Cattani estava nas concessões obtidas, começando pelas companhias Shell e Antárctica.
Bebidas e combustíveis eram produtos que requeriam rápida reposição. Não havia como plantar gasolina na fértil terra vermelha, mas reunir insumos e produzir bebidas pareceu aos ousados comerciantes gaúchos Ernesto Farina e Victorino Sartori uma empreitada promissora.
Farina e Sartori também acabavam de chegar à vila de Cascavel e com olho clínico avaliaram o potencial de negócios da região.
Victorino Sartori era contador e veio prestar serviços em Toledo, mas preferiu se radicar em Cascavel para ampliar seu portfólio de clientes e abrir a indústria de bebidas com Farina.
A fábrica produzia refrigerantes, vinhos e aguardentes na Rua Pio XII, a mesma rua onde o novo colégio e a nova delegacia ficavam.
Produziam o apreciado Guaraná Especial e outros refrigerantes com nomes genéricos, tais como Laranjada e Gasosa. “Não existia Coca-Cola e Fanta naquela época”, lembrou Sartori. “As bebidas vinham de Ponta Grossa”.
Das bebidas ao ramo imobiliário
A fábrica (“Farina & Companhia”) foi instalada por Victorino em sociedade com o filho de Farina, Valdir, e Silvino Campagnollo. Sartori e Campagnollo venderam depois suas participações a Vitório Guella.
Com a iniciativa de Guella, a indústria passou a engarrafar cachaça e vinho. O ramo de bebidas também interessou aos empresários toledanos José João Muraro e Antônio Dal Pozo, o primeiro encarregado de transformar em vinho a produção de uvas do segundo.
Muraro em seguida expandiu a produção para refrigerantes e capilés. Por sua vez, Luiz Gazzoni além de gerir o açougue da colonizadora Maripá também produzia gasosa, o refrigerante preferido na época.
As iniciativas industriais madeireira e de bebidas, assim como o fortalecimento da educação, ajudaram a reforçar as iniciativas de expansão da estrutura urbana.
Mesmo na indústria, Sartori não abandonou a contabilidade na Comercial Oeste Paraná Ltda (Copal), a grande empresa cascavelense da época, de Itasyr Luchesa. Além disso, novos clientes começaram a requisitar seus serviços: empresários do ramo imobiliário.
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