O assassinato do governador paraibano João Pessoa pelo advogado João Duarte Dantas em 26 de julho de 1930 joga de vez o País em estado de tensão. Pessoa concorreu a vice-presidente nas eleições de março, acompanhando Getúlio Vargas, e não se conformou com a derrota eleitoral.
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Estudantes e operários saem às ruas da capital paraibana. Atacam casas e lojas dos políticos governistas. Começa um crescendo de ações de rebeldia que levará a uma nova revolução.
O Paraná continua em paz, mas o Rio Grande do Sul é tomado pelos revolucionários, que decidem marchar rumo ao Rio de Janeiro para depor o presidente Washington Luís.
As elites das Araucárias permaneciam apoiando o governo. Mesmo com o Brasil em clima de guerra, as autoridades paranaenses procuravam manter suas atividades sem sobressaltos. A oligarquia Camargo-Munhoz está sólida no poder, aliando industriais urbanos e agropecuaristas rurais.
Aqui, a classe média já estava no poder. Como a ascensão da classe média implica maior consumo de energia, o Paraná inaugura uma usina considerada grande para os padrões da época: Chaminé, implantada na Serra do Mar, nas cercanias de Curitiba, terá uma produção de 9 megawatts.
Ganhar o PR era essencial
A tarefa dos revolucionários, que já controlam o Rio Grande do Sul nos primeiros dias de outubro de 1930, não será simples. O plano é marchar rapidamente ao Rio de Janeiro e tomar o poder.
Mas, como em 1894 e 1924, o obstáculo será o Paraná. Como na frustrada Revolução Federalista, o Paraná era uma barreira governista desafiando os revolucionários.
Nela, o heroísmo do general Antonio Ernesto Gomes Carneiro (1846–1894) e seus comandados na Lapa retardou as forças rebeldes e permitiu ao governo uma vitória arrasadora.
Ao atacar com firmeza os revolucionários paulistas em Catanduvas e acossar a coluna gaúcha de Luiz Carlos Prestes (1898−1990), em seu avanço rumo ao Paraná, em 1924/25, o governo asfixiou o movimento e expulsou seus remanescentes do território.
Agora mais experientes, os revolucionários que sobreviveram à derrota de 1925 voltam a lutar pelo poder. Têm apoio político e popular e estão mais solidamente ancorados na força dos quartéis.
Combatem um governo enfraquecido pelas divisões internas e abalado pela crise mundial. Não encontram resistências no movimento operário, a não ser a crítica do PCB de que esta não será uma revolução de fato, mas a troca de uma elite econômica no poder por outra.
Trem, a solução
Mesmo com tanto apoio na classe média, continuava extremamente difícil fazer a travessia de quatro estados, considerando que um deles é o Paraná, sempre um forte obstáculo aos avanços revolucionários.
Por mar não seria possível deslocar tropas, porque o governo controlava as forças navais. A decisão foi seguir por trem. Em 3 de outubro as forças rebeldes já cruzavam Santa Catarina.
Querem chegar rapidamente a Porto União e esperam ansiosamente que os rebeldes virem o jogo no Paraná, onde há uma fortíssima oligarquia favorável ao governo federal.
Porto União deixará logo de ser um obstáculo. Quando as forças revolucionárias alcançam a divisa catarinense com o Paraná, o Batalhão de Caçadores de Joinville, que se rebelou e aderiu à revolução, já aguardava as forças do RS. Não para prender ninguém, mas para apoiar.
É 4 de outubro. O Paraná também já começa a cair sob controle revolucionário: o 13º Regimento de Infantaria se rebela e assume o controle de Ponta Grossa, mas a capital ainda representa um desafio.
O major curitibano Plínio Tourinho (1882−1950) conduz a conspiração em Curitiba e conquista a adesão da guarnição federal, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
Com isso, o governo logo ficava sem defesa frente ao germe revolucionário, que grassava sem freio em sua estrutura militar.
De irmão para irmão
Sem respaldo, o governador Affonso Camargo retira-se a Paranaguá e foge para São Paulo, onde vai aguardar os acontecimentos em segurança.
Curitiba cai na manhã de 5 de outubro de 1930 sob governo revolucionário. Às 13h parte um telegrama endereçado a Getúlio Vargas. É Plínio Tourinho comunicando a conquista da capital. A resposta, exultante, vem de imediato:
“Porto Alegre, 5 – Major Tourinho. Curitiba. Paraná. Bravo! Bravo! Marcho com o Rio Grande ao vosso encontro. Vamos todos, Exército e povo. Abraços. Getúlio Vargas”.
A adesão do Paraná representava praticamente a vitória da revolução, por sua situação geográfica e a identidade de objetivos entre o povo cansado de crise e a guarnição militar rebelada.
Sob governo revolucionário, o Paraná será comandado por um general da reserva – o antoninense Mário Alves Monteiro Tourinho (1871−1964), não por acaso irmão do major Plínio. Mais uma vez o poder no Paraná ficava entre parentes. Desta vez, parentes revolucionários.
Os revolucionários já haviam conquistado Curitiba anteriormente, no movimento federalista. A diferença é que em 1894 o povo paranaense repudiava os invasores gaúchos: os famigerados corta-cabeças que mataram na Lapa o herói Gomes Carneiro.
Vem aí Cascavel
Com a fuga de Affonso Camargo e a posse do general Tourinho havia a promessa de uma nova forma de governar o Paraná. Acreditava-se vencida a exclusão do povo pelas famílias dos antigos barões e viscondes.
Ansiava-se por uma estrutura de poder alicerçada na sociedade emergente: a nova classe média, que promovia sua revolução aproveitando a crise e contando com o apoio dos trabalhadores.
No entanto, o fio histórico interrompido no Paraná logo será retomado. Os novos governantes se amoldaram às antigas práticas elitistas, afastaram o general Tourinho e passaram um atestado de inocência ao governo deposto.
As velhas oligarquias se reciclariam mais uma vez, a exemplo do que já haviam feito na passagem do Império para a República e continuarão fazendo no futuro.
Para o Oeste do Paraná, a revolução terá como uma de suas conquistas a formação da cidade de Cascavel, na época uma esquecida encruzilhada com quatro casas.
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