Quem anda pelas rodovias da região com certa regularidade certamente já se reparou com um ou mais ciclistas trafegando pelas vias. Uniformizados e com todo equipamento necessário, eles aproveitam os trechos para a prática do esporte.
Mas, se por um lado tem-se o bem-estar proporcionado pelo pedal, por outro existem os inúmeros riscos de sair pedalando por aí.
Prova disso foi o acidente ocorrido no sábado passado (15), na PR-180, envolvendo quatro ciclistas. Eles seguiam pela rodovia, sentido Rio do Salto, quando foram atingidos por um veículo que fazia uma ultrapassagem.
Um deles, Dagoberto Grapiglia, foi atingido em cheio e teve fratura em um dos braços, uma das pernas e trauma na cabeça. Ele passou por cirurgia ainda no sábado e posteriormente foi transferido para o Hospital São Lucas.
Além dele, outros dois ciclistas sofreram ferimentos e apenas um deles, Fábio Fernando de Almeida, de 43 anos, escapou ileso.

A reportagem do Preto no Branco conversou com Fábio, que disse estar emocionalmente abalado. “Sou ciclista há 14 anos e nunca tinha passado por uma situação como essa, envolvendo pessoas próximas. Foi bastante traumático, não tive ferimentos físicos, mas o psicológico está bastante abalado”.
Segundo ele, o grupo andava como sempre faz em diversas pistas, inclusive nas rodovias, quando foi surpreendido pelo veículo. “As pessoas precisam se conscientizar que todos tem um lar para voltar, que temos família. Nesse caso específico foi um acidente, uma fatalidade, mas a atenção precisa ser redobrada por todos”.
E é esse o cuidado destacado pelo agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Antônio Gradin. Segundo ele, o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) estabelece que nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deve ocorrer, quando não houver ciclovia ou acostamento, nos bordos da pista de rolamento. Mas, embora não seja mencionado no artigo 58 do CTB, as bicicletas não podem ser conduzidas em vias de trânsito rápido ou rodovias sem acostamento ou faixas próprias.
Gradin cita, inclusive, casos das rodovias federais, por exemplo, em que há acostamento ciclistas foram vítimas de acidentes. “Não é o local apropriado para a prática do esporte. Para isso existem as ciclovias. Em Cascavel, por exemplo, do Trevo Cataratas até o Trevo do Guarujá. Uma extensão considerável e segura”, diz.
Um dos exemplos ditos por ele é um caso ocorrido no ano passado, próximo a Foz do Iguaçu, em que um grupo de ciclistas e pedestres foi atingido por um veículo. “Eles estavam no acostamento e uma das pessoas morreu”.
Especificamente nas rodovias federais do Oeste, Gradin ressalta que o cuidado deve ser redobrado. “Todas as rodovias são trechos onde há tráfico de drogas, de armas e de contrabando. O criminoso, ao ver um grupo de ciclistas e tentando se evadir da polícia, não vai dar preferência nem diminuir a velocidade. É um risco muito grande andar pelas rodovias e sabemos que aqui na região é bastante comum”.
Ciclovias e ciclofaixas
Um dos ‘defeitos’ apontados por Gradin da nova duplicação da BR-277, em Cascavel é a ausência de ciclovias ou ciclofaixas. “Existem dois tipos de ciclistas: aqueles que usam a bicicleta para trabalhar, que saem de suas casas e vão até os Núcleos Industriais, por exemplo, e acabam usando a rodovia; e aqueles que usam para a prática de esporte”.
Segundo ele, o projeto de duplicação deveria ter incluído alguns pontos pensando neste público. “Não temos ciclovias, não tem ciclofaixa e não tem iluminação adequada. O projeto de duplicação esqueceu o ciclista”.
Ao motorista
Se ao ciclista cabe procurar um local apropriado, ao motorista cabe o cuidado com o próximo. “É preciso que todos respeitem o Código de Trânsito Brasileiro. É o maior respeitar o menor, saber que esse acidente poderia acontecer com o filho deles, respeitar o ciclista como se fosse uma motocicleta. Temos o mesmo direito de trafegar tanto na rodovia como na cidade”, disse Fábio.
Gradin concorda e diz que infelizmente não há como a polícia, seja qual for, ficar monitorando todos os condutores. “A orientação que damos ao motorista é que, ao avistar um ciclista, seja em grupo ou sozinho, mantenha uma distância segura, reduza a velocidade e acima de tudo tenha respeito para com o próximo”.
Acidentes mais comuns
Obstáculos na estrada
O ciclista ou alguém do seu grupo atinge um buraco, galho, sinalizador de pista ou derrapa em uma área com areia ou cascalho. Quando ocorre em um pelotão, pode causar um verdadeiro “efeito dominó”.
Curvas perigosas
Há diversas razões para acidentes em curvas: pista suja ou com ondulações; velocidade excessiva; piso molhado; uso de freios ou posicionamento do ciclista de modo equivocado… Ou, claro, todas as anteriores.
Toque de rodas
A roda dianteira de um ciclista fica levemente emparelhada à roda traseira da bicicleta à frente. Assim, ele fica sem tempo para reagir a qualquer ação do atleta adiante — pedalar em pé, frear ou mudar de direção — e acaba tocando sua roda. Nesse tipo de toque, normalmente é o ciclista de trás que vai para o chão (quando não os dois).
Cabeça baixa
Por vezes, durante esforços muito intensos ou devido a bike fit inadequado, o ciclista pedala olhando para baixo, na direção da roda dianteira de sua bicicleta. Sem enxergar à frente, acaba surpreendido por obstáculos que vão de buracos na pista a carros parados no acostamento. Esse tipo de acidente também pode acontecer por cansaço ou desatenção — especialmente em estradas muito familiares ao atleta.
Fonte: Preto no Branco
Deixe um comentário