Pescadores viram alvos de bandidos em roubos de motores e embarcações no rio Paraná

Ação entre a PF e a Armada Paraguaia resultou na recuperação de motor roubado de pescadores

A ação registrada na última semana em Foz do Iguaçu, no leito do rio Paraná na fronteira com o Paraguai, envolvendo a Polícia Federal brasileira, a Armada Paraguaia e o BPFron (Batalhão da Polícia de Fronteira) que resgatou pescadores após ficarem à deriva durante o roubo do motor da embarcação em que os trabalhadores estavam gera um alerta a quem utiliza o rio para a pesca desportiva ou profissional. Os bandidos estão de olho em barcos e lanchas e procurando a dedo suas novas vítimas.

PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS: ENTRE NA COMUNIDADE. TAMBÉM ESTAMOS NO TELEGRAM: ENTRE AQUI.NOS NO GOOGLE NEWS.

Segundo a Polícia Federal, o caso passa longe de ser isolado e vem sendo registrado cada vez com mais frequência.

Os ladrões costumam dar voz de assalto aos pescadores em ações orquestradas onde os criminosos geralmente estão armados. Em muitos casos, reconhece a PF, os criminosos levam o barco, em outros, o que costuma interessar são os motores. Quanto mais potente, melhor.

No registro da última semana, segundo relatos da Polícia Federal, o grupo de pescadores estava navegando pelo rio Paraná, tudo isso em plena luz do dia, quando foi abordado pelo bando que queria a embarcação. “Na ação, os criminosos não conseguiram levar a embarcação e retiraram o motor, deixando os tripulantes à deriva. Após a PF receber a informação do roubo, equipes foram deslocadas para resgatar os pescadores”, destacou a PF.

Na sequência algumas diligências foram realizadas em parceria com a Armada Paraguaia quando então foi localizado o motor roubado. Ele já estava na barranca do rio, do lado estrangeiro. Os autores daquele roubo não foram localizados e as polícias seguem investigado o caso. 

Também de acordo com relatos da Polícia Federal, a maior parte dos criminosos, quando não na totalidade, é composta por brasileiros. Os roubos costumam ser praticados ainda do lado brasileiro do rio e, muito rapidamente são levados para o lado paraguaio. Situações similares vêm sendo monitoradas em diversos pontos do rio Paraná, desde Foz do Iguaçu até a região de Guaíra.

Mas por que roubar embarcações?

Com a fiscalização cada vez mais acirrada por via terrestre, criminosos investem e apostam no transporte de ilícitos pelo rio. A travessia do Paraguai para o Brasil leva poucos minutos em diversos pontos do rio. Há percursos no leito onde há registros de mais de 200 embarcações atravessando todas as noites. Elas saem do Paraguai e entram no Brasil abarrotadas de produtos ilegais, sobretudo cigarros, eletrônicos, pneus, drogas, armas e munições que abastecem o sedento mercado brasileiro.

As quadrilhas que investem no crime aquático se espalharam ao longo da fronteira. São várias. Como as fiscalizações pelo rio também aumentaram, sobretudo pelo policiamento realizado a partir das unidades do Nepom (Núcleo de Polícia Marítima) da PF de Foz do Iguaçu e de Guaíra, há casos frequentes aonde os criminosos perdem, além das mercadorias, as embarcações. 

Aqui é aonde entra, mais uma vez, a ação do crime organizado que monitora e rouba barcos e lanchas de pescadores. O rio Paraná serve como fonte de renda para mais de uma centena de pescadores profissionais e de dezenas que praticam a pesca por lazer, a chamada pesca desportiva. De lado aonde estão as famílias que vivem do que o rio oferece, fica o desespero com o avanço desse tipo de crime, muitos pescadores chegam a repensar a profissão. “A gente já pesca pouca coisa, sai muito cedo de casa para tentar o sustento e ainda sofre com a ação dos criminosos que tentam levar o barco da gente. A situação está complicada”, afirma um pescador que, por questões de segurança, preferiu não se identificar. “A gente sabe quem são os ladrões, estão por aí, indo e vindo pelo rio com muamba, droga, arma o tempo todo. A gente tem medo até de passar por eles enquanto estamos pescando porque eles andam em altíssima velocidade sem muita preocupação de quem encontram pela frente”, completou.

Motores e embarcações superpotentes

Os motores cobiçados pelos criminosos permitem que as embarcações naveguem a velocidades superiores a 100 quilômetros por hora, metodologia usada para fugir da fiscalização ou, na iminência de serem interpelados pela polícia, arremessam suas embarcações contra as da polícia, permitindo que os criminosos se joguem no rio e fujam a nado. Em situações como essa, não tem sido incomum a apreensão de barcos e lanchas carregados com produtos ilegais, mas costumeiramente as embarcações oficiais sofrem avarias.

Segundo o pescador que vive do rio Paraná, também é comum encontrar pessoas pilotando esses barcos para transportes irregulares com roupas específicas para mergulho e até mesmo com capacetes. “Se precisarem se atirar no rio em alta velocidade, o impacto é menor. Eu mesmo já vi isso acontecer”, destacou.

Outro temor de pescadores profissionais e desportivos é com possíveis trocas de tiros entre bandidos e policiais, já que os criminosos geralmente estão armados durante suas ações. “Tudo gera muito medo, podemos estar pescando normalmente e ficar no meio do fogo cruzado é preocupante”, destacou o pescador.

Um motor novo, similar ao que foi alvo da tentativa de roubo na semana passada no rio Paraná, custa cerca de R$ 10 mil, mas há alguns deles que chegam a custar mais de R$ 20 mil. “Se levam o motor, é um ano de trabalho perdido”, segue o pescador.

Rio como corredor de transporte de produtos ilícitos

Os barcos e lanchas são um dos principais meios de transporte de produtos ilegais do Paraguai para o Brasil. Do lado de cá da fronteira, após uma passagem bem sucedida, as embarcações atracam nos chamados portos clandestinos na barranca do rio aonde são descarregadas as mercadorias e aí sim, transportadas por terra, em carros de passeio, utilitários ou até em carretas.

Os portos clandestinos são clareiras abertas na barranca do rio, no meio da mata, sem estrutura física propriamente dita. Ações frequentes das forças de segurança têm feito detonações desses portos, mas ao passo que um é destruído, outro é aberto logo adiante.

Segundo avaliação das forças de segurança que atuam na repressão de crimes transfronteiriços, os barcos cobiçados pelos criminosos integram um elo do gigante esquema para o transporte de produtos ilegais vindos do país vizinho.

Dezenas de quadrilhas que atuam no contrabando e no tráfico entre os dois países têm diversificado sua forma de transporte, tanto para burlar a fiscalização quanto para tentar minimizar perdas no caso de os veículos serem interceptados na travessia, tanto pela rota terrestre quanto pela marítima.

Ofensivas contra criminosos

Segundo o delegado-chefe da Delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Marco Smith, a DPF está retomando sua vocação natural que é operacional, com mais policiais na rua e nas investigações.

Segundo Smith, um esquema maior de segurança já foi montado na Ponte da Amizade e em ações que envolvem o Nepom, no Rio Paraná. “Graças a uma ação bem sucedida na semana passada foi possível resgatar os pescadores que estavam à deriva e recuperar o motor da embarcação que estava sendo roubado, há um endurecimento na fiscalização no leito do rio por parte da PF”, destacou.

 

Fonte: Fonte não encontrada

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *