Polícia conclui investigação sobre assassinato de líder petista e afasta motivação política

A Polícia Civil do Paraná indiciou nesta quinta-feira (14), o agente penitenciário e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) Jorge Guaranho pelo assassinato a tiros do guarda municipal Marcelo Aloízio de Arruda, tesoureiro do PT. O crime aconteceu no último sábado (9), em Foz do Iguaçu, e repercutiu em todo o país.

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A delegada Camila Cecconello informou que foi imputado ao bolsonarista crime de homicídio duplamente qualificado – por motivo torpe e causar perigo comum. A primeira qualificadora está ligada à ‘discussão põe motivo vil’, enquanto a segunda tem relação com o fato de cerca de oito outras pessoas estarem presentes no local do crime e assim poderiam ter sido atingidas pelos disparos feitos por Guaranho, indicou a Polícia.

A delegada indicou que, no momento em que Guaranho foi até o local pela primeira vez, ficou muito claro a ‘provocação e a discussão com opiniões políticas’. No entanto, a Polícia Civil disse que não há provas suficientes de que, quando o agente penitenciário retorna ao local do crime, ele queria cometer um ‘um crime de ódio contra pessoas de outros partidos’.

Segundo o depoimento da mulher do agente penitenciário, Guaranho se sentiu ‘humilhado’ em razão de Arruda ter jogado um punhado de terra contra ele em meio à discussão inicial que tiveram, diz a Polícia.  A delegada Camila Cecconello diz que é ‘difícil falar que há um crime de ódio’. Segundo depoimento, ele se sentiu ofendido com o acirramento da discussão, relatou a presidente do inquérito em coletiva sobre a conclusão do inquérito.

“A gente analisa que quando ele chegou ao local ele não tinha essa intenção de efetuar os disparos, ele tinha a intenção de provocar. A gente avalia que esse acirramento da discussão, a escalada da discussão entre os dois é que acabou fazendo com que o autor voltasse e praticasse o homicídio”, indicou.

Apesar do indiciamento, os investigadores ainda aguardam o resultado de exames periciais. 

O que apurou o inquérito?

Detalhando as investigações, a Polícia Civil informou que Arruda e Guaranho não se conheciam. A investigação apontou que Guaranho ficou sabendo da festa com a temática do PT em um churrasco do futebol, em local próximo à Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física (Aresf), onde Arruda comemorava o aniversário. Segundo Camila, uma testemunha que estava no churrasco, tinha acesso às câmeras de monitoramento da Aresf e abriu as imagens durante o evento. O agente penitenciário viu a gravação, perguntou onde ocorria a festa, sem mais comentários e seguiu na festa. Depois, saiu do churrasco, com sua mulher e uma criança e dirigiu até o local do crime.

Em depoimento, a mulher do agente penitenciário narrou que foi atingida pela terra e pediu para ir embora. Ainda segundo a testemunha, o marido disse que a situação ‘não ia ficar assim’, que ‘foram humilhados’ e que ele iria voltar ao local. A mulher disse ainda que pediu para o esposo não retornar, sem sucesso.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, as pessoas que estavam no aniversário de Arruda ficaram assustadas com a discussão. Segundo a delegada, o guarda municipal e o agente penitenciário não se conheciam, e Arruda não sabia que se tratava de um agente de segurança. A vítima então pegou sua arma e ficou com ela na cintura, segundo os investigadores.

Chegou a ser solicitado ao porteiro da Aresf que o portão da associação fosse fechado, o que ocorreu. Ao retornar ao local, o próprio Guaranho tenta abrir a passagem, interpela o caseiro e diz ‘sai da frente, o problema não é com você e vou entrar’, segundo Camila. De acordo com a delegada, o agente penitenciário, ao avistar Arruda, saca a arma, assim como o guarda municipal.

Ambos ficaram cerca de três ou quatro segundos dizendo ‘abaixa a arma’ um para o outro, relatou ainda Camila. Segundo ela, Arruda disse: ‘Abaixa essa arma. Aqui tem policia. Aqui só tem família’. Já Guaranho disse apenas ‘Abaixa a arma’.

Segundo os investigadores, Guaranho efetuou quatro disparos contra Arruda, sendo que dois atingiram o guarda. A vítima, por sua vez, fez dez disparos, sendo que quatro alvejaram o agente penitenciário.

Guaranho teve sua prisão preventiva decretada na segunda-feira (11). A Justiça considerou que o agente penitenciário ‘coloca em risco a ordem social’ e que sua detenção cautelar era necessária para evitar ‘reiteração criminosa’.  Segundo a Polícia Civil, o indiciado se encontra sedado.

Ao longo das investigações, Polícia Civil realizou 18 oitivas de testemunhas sobre o caso, segundo a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil do Paraná. Foram colhidos depoimentos de testemunhas que estavam no local onde Arruda foi morto, familiares do guarda municipal e também de Jorge Guaranho. Os investigadores também analisaram imagens de câmeras e informaram terem cumprido ‘diligências complementares’.

Fonte: Estadão e H2Foz

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