Presos operam verdadeiro mercado dentro da PEC

Extremamente claros e com muitos detalhes. Assim podem ser definidos os documentos repassados ao Preto no Branco referente ao comércio dentro da unidade.

Palco de duas das maiores rebeliões do Estado, a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) é um barril de pólvora prestes a explodir novamente. No início do mês, representantes do Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná) estiveram visitando a unidade e constataram, assim como nas demais visitas feitas em outras oportunidades, que os problemas continuam os mesmos: falta de estrutura, falta de efetivo por parte dos agentes, e superlotação.

E claro, todo esse conjunto de constatações tem favorecido e muito a criminalidade dentro da unidade prisional.

A reportagem do Preto no Branco obteve, com exclusividade, tabelas que mostram o grande fluxo comercial na PEC. Em dezenas de listas é possível ver além de códigos, nomes de presos, a galeria e cela, data, hora e valores que são negociados entre os detentos.

“A PEC é um grande comércio. Lá se vende de tudo, desde as sacolas de mantimentos, que os familiares levam, mudança de cubículo, celulares, troca de serviço nos canteiros de trabalho entre os presos, e claro, drogas”, disse um agente que por questões de segurança preferiu não se identificar.

Segundo ele, a contabilidade é feita pelos chamados ‘chefões’. “Eles têm a conivência da direção, que sabe o que acontece e tenta nos calar. Os agentes que não compactuam com a fiscalização rigorosa são punidos, transferidos de setor ou para as cadeias em delegacias, ou colocados para fazer o trabalho mais pesado”. Ele cita inclusive que agentes experientes estão sendo substituídos por PSS’s, que acabam não questionando os procedimentos de segurança.

O medo é de que um novo motim aconteça. “Algum tempo depois da primeira rebelião, ainda em 2014, os agentes já alertavam as autoridades competentes sobre uma ação dos marginais que estão dentro da PEC, mas ninguém fez nada para coibir. Tanto que em 2017 um novo motim aconteceu em uma unidade prisional que ainda passava por melhorias, feitas inclusive pelos chamados presos de confiança. Havia informação de que eles estavam se organizando, nada foi feito”.

Conforme o agente, se o Estado não tomar providências e agir com mais afinco na unidade, uma nova rebelião não está descartada. “Os presos têm apoio lá dentro, apoio de quem deveria fazer com que eles pagassem pelos seus crimes de forma correta. Essa ‘liberação’ que alguns detentos têm prejudica e muito o trabalho de quem realmente quer fazer o certo”.

Documentos

Extremamente claros e com muitos detalhes. Assim podem ser definidos os documentos repassados ao Preto no Branco referente ao comércio dentro da unidade (veja as imagens ao final da matéria). Com valores que variam de R$ 25 a R$ 200 reais, todo tipo de mercadoria é vendida lá dentro. “Se você prestar atenção tem todos os nomes dos presos, ou como eles se chamam, qual galeria está, de onde ele é. A direção sabe disso, teve acesso a esses documentos, mas não fez nada. As datas são de 2019, mas isso acontece há anos e enquanto algo enérgico não for feito, não vai mudar, vai piorar inclusive”. 

O que diz o Depen?

A reportagem do Preto no Branco questionou a coordenação regional do Depen em Cascavel. Segundo nota, apesar dos documentos constarem por diversas vezes que os presos são de Cascavel, a coordenação diz que não recebeu nenhum documento ou denúncia sobre a prática de comércio dentro da Penitenciária de Cascavel.

Segundo o Depen, todas as informações ou denúncias documentadas ao Depen são apuradas pela Inteligência. Alguns casos ainda são submetidos a sindicâncias ou processos administrativos.  No caso em questão, não se sabe a veracidade do documento, uma vez que não existe registro de apreensão dele dentro da unidade citada. De qualquer maneira, o fato levantado pela imprensa, será apurado no rigor da lei.

Fuga

No início da semana, cinco presos conseguiram fugir da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel). Segundo o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), na madrugada de segunda-feira (17) detentos fizeram um buraco na parede para evadir-se da unidade prisional.

Policiais de plantão perceberam a fuga pelas câmeras de segurança e monitoramento e conseguiram recapturar três deles. Os outros dois, que não tiveram nomes e imagens divulgadas oficialmente pelo Depen devido a Lei de Abuso de Autoridade, em vigor desde janeiro, proíbe a divulgação das informações pelo órgão.

Extraoficialmente o Preto no Branco teve acesso aos nomes dos presos. Trata-se de Anderson Quadros dos Santos e Matheus Gabriel Vazquez Lima. Até o fechamento da edição eles não haviam sido recapturados. Informações sobre o paradeiro dos homens podem ser repassadas via 181, 190 ou 197.

 

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