Especialistas e autoridades estão divididos quanto à aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 naqueles que furaram a fila da campanha de imunização. Casos escandalosos de favorecimento aconteceram em todo o País, inclusive em Cascavel, onde uma servidora pública foi denunciada. Mas, com o prazo para a aplicação da segunda dose da vacina diminuindo, ainda não há consenso sobre o que fazer com os furões.
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De um lado, médicos, cientistas e o Ministério Público Federal (MPF) afirmam que não completar a vacinação dos fura-filas seria desperdício da primeira dose que receberam (já que a eficácia não é garantida com apenas uma dose, segundo estudos clínicos de ambos os imunizantes disponíveis no Brasil, a vacina da AstraZeneca/Oxford e a CoronaVac), e o benefício à sociedade de se vacinar corretamente o maior número de pessoas pode ser mais relevante que o dano moral causado por elas.
Por outro lado, especialistas do Direito e autoridades temem que a garantia da segunda dose sirva como “prêmio” aos furões e estimule outros a ignorar a fila de prioridades.
“Do ponto de vista ético e moral, devem ser punidos. Mas, do ponto de vista da medicina, como o objetivo é vacinar o máximo possível de pessoas, não faz sentido que estas pessoas que já foram vacinadas não recebam adequadamente a segunda dose”, defende Evaldo Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia e médico infectologista do Hospital de Clínicas de São Paulo.
O dilema é compartilhado por outros profissionais de saúde. Gerson Salvador, infectologista e especialista em saúde pública, ressalta que os ensaios clínicos da vacina CoronaVac preveem as duas doses num intervalo de 14 a 28 dias e lembra que os efeitos da imunização coletiva (como queda nas internações e casos graves) só serão alcançados com o maior número de brasileiros vacinados de acordo com o protocolo.
“Se ocorreram desvios éticos na distribuição da vacina, devem ser apurados. Mas não oferecer a segunda dose no intervalo correto é desperdiçar a primeira”.
A orientação do Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 do MPF, coordenado pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, segue a posição dos médicos e tem aconselhado procuradores da primeira instância para que atuem de modo a “evitar desperdício de vacinas já aplicadas em pessoas que furaram a fila e receberam o imunizante sem pertencer a grupos prioritários”, divulgou o órgão.
Fonte: O Gloo
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