O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ampliou o isolamento político do presidente Jair Bolsonaro em meio ao combate à pandemia do coronavírus. Médico de formação, Caiado rompeu com o agora ex-aliado e demonstrou indignação com o pronunciamento que o presidente convocou na noite de terça-feira, 24, para atacar a imprensa e as medidas restritivas adotadas pelos gestores estaduais.
Caiado afirmou que Bolsonaro foi “irresponsável” e criticou duramente os termos “gripezinha” e “resfriadinho”, usados pelo presidente para classificar os sintomas do coronavírus. A doença já matou 46 pessoas no Brasil e mais de 19.000 em todo o mundo.
“Tanto na política como na vida, a ignorância não é uma virtude”, disse Caiado, em entrevista coletiva no Palácio das Esmeraldas. A frase usada pelo governador faz referência a uma fala de 2016 do ex-presidente americano Barack Obama contra o populismo manifestado pelo então candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump. Bolsonaro copia o estilo de governar do atual mandatário dos EUA e emula diversos posicionamentos de Trump na crise, como críticas ao isolamento social e o consequente prejuízo econômico que o combate ao vírus causará.
O governador afirmou que irá ignorar o pedido de Bolsonaro para que escolas sejam reabertas e para que pessoas voltem a trabalhar sem restrições de locomoção. “Com tranquilidade, mas com a autoridade de governador e de médico, eu afirmo que as declarações do presidente não alcançam o estado de Goiás. As decisões em Goiás serão tomadas por mim, com base no trabalho de técnicos e especialistas”, afirmou.
Caiado era um dos poucos governadores que ainda vocalizava apoio a Bolsonaro, mas vinha demonstrando desconforto com a postura do presidente em meio à crise do coronavírus. No último dia 15, Caiado confrontou manifestantes que se reuniam numa praça de Goiânia para defender Bolsonaro e protestar contra o Congresso. Ele bateu boca com os presentes e saiu do local sob vaias. No mesmo dia, o presidente ignorou as recomendações sanitárias e confraternizou com apoiadores num ato em Brasília sem usar luvas nem máscara.
Agora na condição de ex-aliado, Caiado declarou não temer retaliações vindas do Executivo Federal. “Se eu tiver que tomar decisões junto ao governo federal, irei tomá-las junto ao STF e ao Congresso. Me é conferido pela Constituição o direito de legislar de forma concorrente com a União quando se trata de saúde pública”, declarou.
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