Era maio de 2017, primeiros meses do governo de Leonaldo Paranhos na Prefeitura de Cascavel, e uma desocupação histórica estava prestes a acontecer na cidade. Uma área ocupada por cerca de 500 famílias em 1999 no Jardim Gramado seria liberada pelas forças de segurança, por determinação judicial.
Mais de 400 famílias deixaram os terrenos de forma voluntária, com pouca ou quase nenhuma assistência de realocação, outras cerca de 70 decidiram permanecer e foram retiradas pela Polícia Militar.
Já se passaram sete anos desde a reintegração de posse e muitas dessas famílias que saíram de lá ainda aguardam por uma moradia digna ou um local definitivo para viver. Algumas foram realocadas pelo Município em outras áreas, sem infraestrutura e assistência, com a promessa de que seria resolvido rapidamente. Não foi.
Residências sem acesso e medo de fazer benfeitorias
A assistência nunca chegou de verdade para quem está vivendo em um espaço público no Santa Felicidade, na região sul da cidade.
Nas moradias improvisadas, o sinal do caos. São barracos ou casas provisórias sem nenhum tipo de planejamento. Alguns moradores denunciam que há residências que ficaram sem acesso, ou seja, para chegar às casas é preciso passar pelas residências dos outros moradores. “Um dia desses o prefeito veio e disse que se a gente quiser seria assim, se não era para a gente sair”, contou um deles.
Dos 20 moradores que seguem alocados em uma área pública no Santa Felicidade, apenas dois afirmam ter recebido documento de posse dos seus imóveis. Os outros ainda lutam para conseguir e travam batalhas, aguardam pela promessa da gestão de Leonaldo Paranhos.
Entre os temores dos moradores que não tem escritura de suas casas é o de fazer benfeitorias nas residências e em pouco tempo serem despejados do local. “Para eu fazer qualquer coisa na casa eu preciso tirar da comida da minha família. E se eu fizer alguma melhoria e prefeitura tirar a gente daqui?”, conta outra moradora.
“Na época da desocupação o prefeito veio e disse que tudo seria resolvido logo pela Cohavel, até agora estamos esperando”, conta outro morador.
A Cohavel, que o morador se refere, é a companhia de habitação do município. “A gente saiu de uma área de incerteza [no Gramado] e foi para outra”, conta o morador.
Prefeitura confirmou apoio, mas depois disse que não tinha recursos
Na época da desocupação da área, em 2017, a prefeitura chegou a confirmar que ofereceria benfeitorias a moradores realocados também em outros pontos na região sul da cidade, mas voltou atrás ainda naquele período dizendo que não havia recursos para isso e que o problema ficaria para a próxima administração. A gestão seguinte, a quem caberia então resolver o problema, também foi a de Paranhos, reeleito em 2020 com mandato que se encerra no dia 31 de dezembro deste ano.
Naquela época moradores que não tinham para onde ir chegaram a ficar abrigadas de forma provisória no ginásio de esportes do Bairro São Cristóvão. Na sequência foram para casas construídas, de forma provisória, pela Cohavel no Santa Felicidade e na região do Turisparque. A promessa é que a companhia de habitação iria buscar uma solução definitiva para os moradores.
Procurada para saber quais medidas foram adotadas para atendimento às famílias e que assistência elas recebem, a Prefeitura de Cascavel não respondeu aos questionamentos.
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