Setor produtivo pede que governo não antecipe licitação do pedágio no oeste

O oeste será envolvido em lotes aonde mais se encontram obras para se fazer.

A informação dada pelo secretário de Estado de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, de que o Estado solicitaria à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) a antecipação da licitação do novo contrato de pedágio do chamado lote 6, que envolve a região oeste do Paraná na BR-277, desde Foz do Iguaçu até a região central do estado pela rodovia, em Guarapuava, não foi bem aceita pelo setor produtivo.

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O POD (Programa Oeste em desenvolvimento) ainda não foi envolvido no debate, a proposta não foi apresentada oficialmente, mas o segmento que reúne, entre outras indústrias cinco das dez maiores cooperativas do agro do Brasil, quer que siga o cronograma normal das licitações e que os lotes 5 e 6, ambos que envolvem rodovias da região oeste, só sejam licitadas em 2024.

O industrial Rainer Zielasko, presidente do POD, disse que o setor só ficou sabendo da propositura pela imprensa.

“Infelizmente o poder público não consegue nos entregar as rodovias como precisamos, duplicadas e com segurança, o oeste está longe do centro consumidor e do porto de Paranaguá. Há uma oportunidade de as obras serem feitas agora, mas precisamos de mais debate sobre o assunto”, reforçou.

Para Rainer, é positivo que o novo pedágio tenha valores menores antes das obras e sofra degrau tarifário após as benfeitorias o que estimularia a realização de infraestrutura, mas o industrial alerta que o oeste será envolvido em lotes aonde mais se encontram obras para se fazer.

“São 400 quilômetros (BR-277) que necessitam de duplicação com serras em trechos com alta complexidade e outros ainda com bastante dificuldade. Qualquer ajuda faz com que a tarifa seja mais baixa em um pedágio que vai durar 30 anos”, considerou.

A ajuda que Rainer se refere está para ser votada, como forma de projeto de lei, no Congresso Nacional. O PL 1712 prevê a criação de um regime tributário especial para as rodovias pedagiadas. “Seria uma carga tributária mais baixa com 4% fixo sobre todas as obras”, explicou.

Industrial Rainer Zielasko, pesidente do Programa Oeste em Desenvolvimento

 

Segundo estudo da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) isso impactaria em torno de 15% a 20% de desconto nas tarifas dos pedágios, mas só para contratos que passem a vigorar após o sancionamento da lei, já que ela não vai retroagir para beneficiar contratos anteriores. “Por isso queremos que os lotes 5 e 6 só sejam licitados conforme o previsto, ano que vem”, reforçou.

“Seria uma carga tributária mais baixa com 4% fixo sobre todas as obras”

Comitiva vai a Brasília pedir celeridade na votação do PL 1712

Para acelerar a tramitação do PL que reduz a carga tributária sobre rodovias pedagiadas, uma comitiva multidisciplinar do oeste do Paraná vai a Brasília em agosto na volta do recesso legislativo. “Vamos visitar a bancada paranaense e a brasileira, isso é um assunto que envolve o Brasil, que o PL 1712 seja aprovado ainda neste ano, seja sancionado no ano que vem e que tenha efeitos sobre as novas concessões de rodovias. Nós nos beneficiaríamos com isso, não gostaríamos, não queremos e vamos ser contrários que o trecho (lote 6) seja licitado neste ano. Deixa apara o ano que vem, já esperamos até agora, em mais meio ano não vai acontecer nada”, afirmou Rainer Zielasko.

Ainda durante a visita à capital federal, o setor produtivo quer pedir à União a realização de algumas obras essenciais e que sejam custeadas com recursos públicos federais. “Uma obra como a conclusão da duplicação da BR-163 entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra ou obras de grande impacto na descida da serra (com destino ao porto) com dinheiro público reduziria a necessidade de investimentos da empreiteira que vencer a licitação do pedágio, isso impactaria na tarifa. Esses são tópicos que ainda estamos em defesa diante de um pedágio com duração de 30 anos”, seguiu.

Para o setor produtivo, deve-se seguir o fluxo natural do cronograma anteriormente estabelecido com as licitações dos lotes 1 e 2 em 25 de agosto e 29 de setembro, respectivamente, na bolsa de valores, a B36. “Que depois venham os lotes 3 e 4 e na sequência o 5 e o 6. Tudo o que puder garantir tarifas mais baixas e obras precisa ser feito, porque relembrando, são 30 anos pagando pedágio e se ficar caro vai tirar mais competitividade do oeste, teremos problemas para investimentos e novas empresas não vão se instalar na região”, reforçou.

Rainer não vê grandes dificuldades em sensibilizar o Estado do Paraná e a ANTT pela não antecipação. Ele defendeu que sempre houve um diálogo aberto e bastante claro. Entre os exemplos foi a retirada no modelo de concessão da chamada outorga onerosa e a redução de aporte em conta vinculada. Neste momento esse aporte só ocorrerá após os 18% de desconto na tarifa. “Esses foram grandes avanços. Mas que não se antecipe o que já havia sido acordado às vésperas de uma lei que vai impactar nas tarifas”, reiterou.

“Temos um diálogo muito franco com o governador Ratinho Junior e sua equipe, nosso intuito é contribuir para que busquemos a melhor solução e que não impacte mais no bolso do consumidor”, afirmou.

Expectativa é para que modelo com praças físicas de pedágio deixem de existir na nova concessão

Tarifa na 467

Sobre a cobrança de tarifa na BR-467 entre Cascavel e Toledo, Rainer considerou que ela de fato virá, mas que em vez de praças existirá o modelo Free Flow, que fará a cobrança a partir de um sistema de leitura das placas dos veículos e não com cancelas físicas.

“Assim, só se paga o trecho percorrido, o usuário frequente vai pagar menos, entendemos que são questões (necessárias) de equilíbrio do lote”, completou.

Ao justificar há cerca de duas semanas a antecipação do lote 6 para o pedágio, o secretário Sandro Alex destacou que assim se fecharia o corredor que dá acesso ao porto de Paranaguá, com obras em um trecho essencial para escoamento da produção em todo o percurso da rodovia.

Composição dos lotes 5 e 6

Lote 5: segue de Arapongas, no norte, a Cascavel, Toledo e Guaíra, no oeste, em trechos das rodovias BR-158, BR-163, BR-369, BR-467 e PR-317, com extensão total de 429,85 km.

Lote 6: reúne trechos das rodovias BR-163, BR-277, R-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483, com extensão total de 659,33 km passando pelos municípios de Foz do Iguaçu, cascavel (oeste), Guarapuava (central), Francisco Beltrão e Pato Branco (Sudoeste).

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