Registra-se em 1938 uma grande expansão da indústria madeireira no Paraná. Prosperam cerca de 500 serrarias instaladas em todo o Estado e quase uma centena de fábricas de beneficiamento.
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Em julho de 1938 termina a Guerra do Chaco, entre Paraguai e Bolívia, onde não se achou o petróleo esperado pelo apetite dos grandes interesses estrangeiros.
Mas em 22 de janeiro de 1939 jorra petróleo pela primeira vez no Brasil, no poço de Lobato (BA), e as atenções agora vão se concentrar no Brasil.
Tais interesses não precisarão de mais essa guerra, até porque outra já existia e era mundial. Importava-lhes era domar a ditadura nacionalista brasileira e dominar o País, como sempre havia sido desde o Brasil Colônia.
É um período de organização das bases econômicas do País que, para o bem ou para o mal, será favorecido pela progressão e continuidade do conflito internacional. Para o mal, o mundo em ruínas. Para o bem, o reinício da democracia.
A profecia do general Esteves
Um dos heróis da Guerra do Chaco, o marechal José Félix Estigarribia (1888–1940), assumiu a presidência do Paraguai em agosto de 1939 e sugeriu entendimentos entre seu governo e o brasileiro, com mediação dos EUA, para que seu país pudesse ter uma saída marítima para o Atlântico.
Ele se torna o pai do atual corredor de exportações via BR-277 ao manifestar seu “deseo vehemente de encontrar salida a la costa atlântica, afim de que el país cuente com dos avenidas para sus contactos e sus comunicaciones com el mundo” (Oscar Ramos Pereira, Rodovias Paranaenses Construídas Pelo Exército).
O general Emílio Lúcio Esteves havia tentado, sem sucesso, impedir que a coluna revolucionária gaúcha comandada por Luiz Carlos Prestes chegasse ao Paraná, em 1925.
Grande conhecedor do território, ele viaja em 1939 rumo à Companhia Isolada de Foz do Iguaçu quando, ao passar pela Encruzilhada dos Gomes/Aparecida dos Portos/Cascavel, avalia que esse então remoto povoado localizado no entroncamento de trilhas ervateiras formado no final do século XIX será no futuro um grande centro regional (Alípio de Souza Leal, Rudimentos Históricos).
O Oeste e a II Guerra
Com a II Guerra Mundial já em seus primeiros movimentos, às 4h da madrugada de 4 de outubro de 1939, quarta-feira, a guarnição militar de Foz do Iguaçu recebe ordens do Rio de Janeiro para ficar em estado de alerta.
Os soldados sofrem um dia inteiro de tensão, imaginando que as ordens se referiam a uma possível movimentação de tropas argentinas pretendendo invadir o Brasil, mas logo saberão que se trata de uma guerra ainda circunscrita à Europa.
De resto, a função da Companhia do Exército em Foz do Iguaçu era justamente ficar de sobreaviso em relação a qualquer agitação militar ou civil eventualmente identificada na região da tríplice fronteira.
A II Guerra Mundial, desde o princípio, voltou a influenciar negativamente o processo de colonização na faixa de fronteira do Oeste paranaense, mas o governo do Estado prosseguia em seu plano de oferecer facilidades e estimular as companhias colonizadoras a levar adiante projetos de ocupação, povoamento e exploração econômica do interior.
Terra: de graça para ocupar, cara para comprar
Mesmo sendo interventor com a chancela do ditador Vargas, Manuel Ribas tinha uma oposição poderosa. Não entre os pobres sertanejos, que se sentiam à vontade para ocupar áreas inexploradas de centenários latifúndios, mas entre os novos coronéis da terra, vindos de São Paulo e da Inglaterra.
Quando Ribas determinou ao capitão Telmo Ribeiro a abertura de uma estrada ligando a Fazenda Velha Brasileira, atual Paranavaí, ao restante do Paraná, o dirigente da Companhia de Terras Norte do Paraná, o inglês Arthur Huge Miller Thomas, que colonizava as regiões de Maringá e Londrina, sentiu-se ameaçado e tentou interferir.
“A iniciativa do governo em abrir uma nova via que daria à Velha Brasileira acesso a outras cidades do Paraná visava diminuir a influência paulista, pois até então a única estrada que chegava até a colônia começava em Presidente Prudente, no Oeste Paulista. Porém, quando soube da ordem de Manuel Ribas, o colonizador inglês Arthur Thomas viajou para Curitiba para tentar convencer o interventor a mudar de ideia” (David Arioch).
Jagunços: até Telêmaco Borba foi um
O empresário inglês argumentou que a Fazenda Brasileira prejudicaria seus negócios, já que havia feito elevados investimentos em infraestrutura na região do Norte Novo. A empresa britânica vendia lotes a preços altos para maximizar seus lucros.
Thomas não se conformava com a ampliação de uma estrada até Paranavaí, onde o governo do Estado vendia terras a preços baixos ou simplesmente os entregava aos necessitados.
O capitão Telmo Ribeiro, por sua vez, é emblemático de um tipo de pioneiro rude, que fez história como desbravador e foi acusado de arbitrariedades, como também o misto de agente policial e jagunço Marins Belo em Cascavel e o célebre Telêmaco Borba, acusado de assassinatos com motivações políticas.
Em março de 1939 as tropas nazistas invadem Praga, anexam a Boêmia e submetem toda a Tchecoslováquia à sua “proteção”.
Em 1˚ de setembro, quando as forças nazistas penetram nas fronteiras polonesas, o ditador Vargas é instado a definir a posição do Brasil frente a essas continuadas agressões.
No dia seguinte, porém, Vargas declara que o Brasil ficará neutro. A 3 de setembro, Inglaterra e França rumam em sentido oposto: declaram guerra à Alemanha.
Sertanejos satisfeitos, ingleses descontentes
Muitos estrangeiros foragidos das perseguições da II Guerra começam a chegar ao Paraná e tomam conhecimento das terras de graça para colonos pobres com vontade de trabalhar.
Para os ingleses de Mr. Thomas, essa generosidade com os sertanejos paranaenses e pobres imigrantes ameaçava o desenvolvimento do Norte Pioneiro e parte do Norte Novo. Ou seja, atrapalhava seus negócios com a terra.
Arthur Miller Thomas e a Companhia Norte do Paraná só vendiam terras a quem pagasse em dinheiro, mas o governo facilitava qualquer espécie de transação. Os ingleses temiam um êxodo de colonos atraídos para as terras devolutas do Centro-Oeste.
Como a abertura de rodovias andava mais rápido que a implantação da via férrea, as novas estradas facilitariam a exploração das terras devolutas, oferecidas aos despossuídos pelo governo de Manuel Ribas.
Thomas não conseguiu dobrar o teimoso Ribas. Em tempos de nacionalismo, as pressões de estrangeiros não eram bem-vindas. Ao contrário, o governo proibiu a comercialização de terras para estrangeiros na região da fronteira alegando motivos de segurança nacional, “sendo, em consequência, nacionalizadas várias companhias” (Cecília Westphalen).
O capitão Ribeiro continuou avançando em suas empreitadas de construção de estradas e ainda em 1939 o interventor Manuel Ribas inaugurava a Estrada do Cerne, que orgulhosamente apresentava como “a maior rodovia de todos os tempos”.
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