As obras começaram em setembro do ano passado, com previsão de ser concluída em 15 meses. Faltando pouco mais de dois para o fim, se o cronograma se cumprisse, os motoristas que trafegam pela Avenida Carlos Gomes e também pela Barão do Cerro Azul estão dia a dia convivendo com inúmeros transtornos.
Orçada em mais de R$ 51 milhões, o prazo dificilmente será cumprido. Além de diversos pontos que ainda nem começaram a ser feitos, o que já estava ‘pronto’ foi novamente destruído. Tratam-se do asfalto em frente aos pontos de ônibus das duas avenidas. Feito aparentemente de concreto, o asfalto foi retirado e uma camada de barras de ferro está sendo colocada para, depois, ser novamente coberta pelo concreto e pelo asfalto.
“Tomei um susto porque era um trecho que imaginava que já estava pronto. Sabemos que obra pública atrasa, tem toda questão de autorização para acontecer, mas fazer uma coisa, destruir e ter que fazer de novo, não é certo”, disse a diarista Neusa Pereira. “Só quero saber quem vai pagar isso, porque é o nosso dinheiro que está sendo jogado fora”.
A reportagem do Preto no Branco encaminhou questionamentos ao Município sobre o caso, mas até o fechamento da edição, não obteve resposta.
Atrasos
Há 11 meses o vereador Cidão da Telepar já havia solicitado agilidade nas obras. Em um pronunciamento na tribuna, o vereador cobrou o município alertando inclusive para um aditivo no contrato firmado com a Petrocon – mesmo com a obra iniciada recentemente.
Seis meses depois, também na Câmara, os vereadores Cidão, Josias de Souza e Dr. Lauri, cogitaram uma audiência pública para debater o atraso nas obras. Segundo eles, os comerciantes reclamam dos transtornos causados.
Mais problemas
Um ano após o início das obras, os comerciantes precisam driblar outro problema causado em dias de chuva. Por conta da falta de bocas de lobo, toda a enxurrada fica na via e, em muitos casos, sobe nas calçadas.
“Com a retirada do canteiro central, a água que se acumula na Barão desce pela Carlos Gomes em vários pontos. Em dia de chuva, como nesta semana, os clientes não vem até a loja”, disse Rosane Souza, vendedora de uma loja de confecções.
Obras da Brasil e Tancredo
O corredor dos ônibus que está sofrendo uma segunda intervenção na Carlos Gomes e na Barão do Cerro Azul já foi detectado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) quando das obras da Avenida Brasil.
Conforme um relatório elaborado pelo Ministério Público de Contas, as obras executadas em uma parceria entre a Prefeitura e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com o empréstimo de US$ 28,7 milhões, o asfalto da Avenida Brasil foi destruído e um novo foi refeito.
Porém, gerou vários aditivos, aumentando o custo de R$ 41.252.899,49 para R$ 52.242.135,69. Os auditores entenderam que, no corredor exclusivo para ônibus, o projeto previa reforço em pontos localizados, mas o aditivo foi feito para praticamente toda Avenida. Isso, conforme os auditores, poderia ter sido previsto no contrato inicial com a investigação adequada do solo.
Além disso, o relatório aponta também o sobrepreço em três tipos de concreto usados no viaduto sobre a BR-277 que dá acesso ao bairro Cascavel Velho (entregue em 2017); Fragilidade das justificativas técnicas para os aditivos na obra da Avenida Brasil; Extrapolação do limite de 50% de acréscimos contratuais também da Avenida Brasil; Fragilidade na fiscalização da reforma da Avenida Tancredo Neves.
No relatório final, a auditoria calculou que os acréscimos chegaram a 98% em relação ao valor original, com supressões de 72%. E um último item da obra que será julgado pelos conselheiros é da Avenida Tancredo Neves, que também recebeu investimentos do BID.
Os técnicos identificaram problemas na medição, por parte da fiscalização da obra; intempestividade da fiscalização de obras; ausência de ensaios de contraprova por parte da prefeitura municipal no que se refere aos materiais recebidos e aos serviços já executados pela contratada.
O documento cita como partes do processo, o atual prefeito, Leonaldo Paranhos, o ex-prefeito, Edgar Bueno, e os ex-vices-prefeitos Jorge Lange e Maurício Theodoro, além das empresas responsáveis pelas obras.
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