Um bairro totalmente monitorado

Luci Boaretto Presidente da Associação de Moradores | Preto no Branco

Pioneiro na implantação do projeto Vizinho Solidário, que virou modelo para outros bairros e cidades do País, o bairro Maria Luiza, na região central de Cascavel inova mais uma vez no quesito segurança.

Para evitar casos de assaltos e furtos, além de auxiliar na elucidação de crimes, o bairro foi completamente cercado por câmeras de vídeo monitoramento.

De acordo com a presidente da Associação de Moradores do Maria Luiza, Lucivani Boaretto, a Luci como é conhecida por todos, a ideia partiu antes mesmo de ser presidente. “Tínhamos antigamente uma pessoa que passava nas ruas fazendo uma espécie de ronda, para tentar intimidar aqueles que vêm para o bairro cometer algum crime. Mas com o tempo isso ficou obsoleto e logo que assumi a gestão optamos por fazer algo que realmente blindasse o Maria Luiza”.Para isso, Luci foi atrás de empresas que fazem vigilância, pesquisou e já fechou negócio. “A posse da diretoria foi no fim de março de 2019, comecei a trabalhar depois dos trâmites burocráticos, efetivamente em maio. Aí tivemos a Festa do Morango, que é tradicional na cidade e no Estado e, logo na sequência já fomos atrás disso. A primeira câmera foi instalada ainda em novembro do ano passado”.

Luci conta que para definir os 32 pontos contou com o apoio da população e também de de profissionais da segurança pública. “Eles têm o know-how que precisávamos e isso foi primordial. O Maria Luiza tem o formato de um diamante, é um bairro pequeno, fácil de cercar e foi isso que fizemos”. 

Ela cita que primeiro foram colocadas câmeras nas entradas do bairro. “Estamos às margens da BR-277, aqui é rota do tráfico, seja de drogas, armas, e também quando um veículo é roubado, por exemplo, sair pelas diversas rotas de fuga que tínhamos desguarnecidas no bairro era muito fácil”

E já no começo da implantação os moradores comprovaram a eficácia. “Como temos uma área extensa de mata, pela proximidade com o Lago Municipal, muitas pessoas vêm até aqui para jogar entulhos, abandonar animais vivos ou mortos, por exemplo. Em uma dessas ações, uma das nossas câmeras flagrou o motorista de uma caminhonete deixando um sofá. É um crime ambiental e, se todas as pessoas que não querem mais algo deixar espalhado pelos terrenos, a situação vai ficar insustentável. Isso sem falar nos riscos da proliferação do mosquito da dengue”.

Custos e sistema

Para blindar o bairro, Luci conta que conversou com os moradores para que deixassem que as câmeras fossem instaladas no bairro. “Para pagar esse projeto usamos recursos obtidos com a Festa do Morango. Fizemos um pacote anual de locação de câmeras no valor de R$ 18 mil, incluindo a instalação. Cada câmera nesse primeiro ano nos custou R$ 100 da instalação, pago uma só vez, e R$ 40 mensais”. 

E para o próximo ano a renovação do contrato já é certa. “Os moradores não têm custo nenhum. As duas únicas coisas que precisamos é de um espaço na propriedade para que a empresa instale os aparelhos e que ele nos autorize a usar sua internet para a transmissão das imagens em tempo real”.

Agora, a meta é definir quem vai ficar monitorando o bairro. “Já conversamos com a administração municipal que nos sinalizou com a possibilidade da Guarda Municipal ficar responsável por vigiar as câmeras. Eles já fazem esse trabalho na Guarda e acredito que isso vai facilitar ainda mais na elucidação de crimes”.

“Festa do Morango” sonha ser internacional

A Festa do Morango é um evento que sempre atrai muita gente e sonha se tornar internacional | Preto no Branco

 

Quando se pensa em Maria Luiza logo vem na mente a “Festa do Morango”. A tradicional festa, que faz parte dos calendários de eventos municipal e estadual, já tem data definida para 2020 e, conforme Luci Boaretto, a ideia é crescer ainda mais. “A meta é tornar uma feira internacional. No ano passado tivemos a presença de expositores e visitantes do Mercosul e queremos, já pra 2020, atrair mais países. A data está fechada, será entre os dias 6 a 9 de agosto e queremos superar os números dos anos anteriores, não só em expositores, comercialização mas também no público presente”.

Uma das novidades esperadas para esse ano é a promessa de uma cerveja feita de morango. “O pessoal que vai expor está fazendo os testes e acreditamos que até a feira tudo estará pronto”.

O diferencial ficará, assim como no ano passado, para a segurança e a limpeza do local. “Queremos que todas as pessoas que passarem pelo Centro de Eventos nesses dias sejam acolhidas e, ao precisar de algum serviço como o uso de banheiros, por exemplo, se sinta em casa”.

A sede da Associação de Moradores

Sede da Associação de Moradores será reformada para oferecer mais conforto aos usuários | Preto no branco

 

Em relação a sede da Associação de Moradores, Luci disse que a meta da sua diretoria é reforma-la para dar mais comodidade aos moradores. “Agora estamos trocando o telhado, porque com uma das chuvas recentes ele foi bastante danificado e devemos trocar todo o forro. É uma das nossas prioridades porque em dias de calor, por exemplo, é muito abafado e fica insuportável permanecer no local”.

Além disso, uma nova cozinha já está sendo planejada. “Vamos adaptar a associação para pequenos e grandes eventos. Devemos fazer um espaço menor também para que quem queira locar o espaço não precise pagar para ficar com o salão maior. Em uma pequena confraternização, com umas 10 pessoas, fica inviável financeiramente e queremos mudar isso. Queremos trazer os moradores cada vez mais próximos da nossa Associação”

Feira do Maria Luiza deve ser reestruturada

E não é só de morango que vive o Maria Luiza. Todas as quartas e sábados comerciantes e artesãos locais se reúnem, na Praça do bairro, para a tradicional feirinha. Fundada ainda em 2012, a ideia é, aos poucos, conquistar mais espaço no coração dos cascavelenses. “A população já se habituou a ir, por exemplo, na Feira do Pequeno Produtor na Praça Wilson Jofre e queremos que isso também aconteça aqui no Maria Luiza”, disse Luci.

Para que isso ocorra, um profissional se propôs a auxiliar no diálogo não só com os atuais expositores, mas na busca de novos interessados. “Quando circulamos pela feira percebemos que, mesmo depois de quase oito anos, as pessoas que a frequentam são as mesmas. Queremos atrair mais gente e assim, gerar mais riquezas para aqueles que vivem no bairro”.

Projeto Jardins de Mel

E não é só com a segurança que a população está preocupada. O meio ambiente também é algo que merece atenção. Conforme Luci, um projeto denominado Jardins de Mel será lançado no próximo dia 29 de fevereiro. “O projeto consiste basicamente na criação de abelhas, responsáveis não só pela produção de mel, mas principalmente pela polinização de todas as árvores. Sabemos que há previsão de extinção desses animais e, infelizmente, se não cuidarmos, isso nos levará a um problema muito maior porque, sem a polinização não há flores, consequentemente não há frutos e, se não conseguirmos produzir alimento, a logo prazo, a vida na Terra estará prejudicada”.

O nome Maria Luiza

Filha de Tarquineo, um dos primeiros moradores de Cascavel, ao qual um dos parques recebeu seu nome, Maria Luiza foi uma das primeiras homenageadas pelo pai. Colonizador, ele possuía mais duas ‘Marias’: Maria Tereza e Maria de Fátima, que também ganharam um ‘agrado’ do pai com seus nomes em loteamentos, todos dentro do Bairro Maria Luiza.

ENQUETE

O Preto no Branco conversou com alguns moradores do Maria Luiza para saber o que tem de bom e o que precisa melhorar no bairro. Confira:

Acredito que precisaria melhorar as calçadas do bairro como um todo. Em muitos locais ela não existe e, onde existe, está em péssimo estado. Juli Dalmina, moradora do Maria Luiza

Os moradores são bem unidos, a praça e as ruas têm um ambiente excelente, com qualidade de vida pra todos. Rangeres Caldeira Gomes, morador do Maria Luiza

“Falta segurança próximo ao Colégio, principalmente no horário de chegada e saída dos alunos, e tem pouca sinalização nas ruas”

Alison Nascimento, morador do Maria Luiza

Fonte: Preto no Branco

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