As manifestações programadas para o próximo domingo (15) em todo o Brasil muito provavelmente serão um termômetro importante para medir a capacidade do governo de interferir na agenda do Congresso Nacional. Numa gestão marcada por crises entre o Legislativo e o Executivo, os atos de domingo são atualmente a principal ferramenta de negociação política do governo Bolsonaro.
Mas, convém observar que o perfil dos apoiadores do manifesto é um pouco diferente do que foi visto nas manifestações anteriores. Já é possível perceber o afastamento de grupos como o Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua, que se posicionaram contra a pauta.
A mobilização é articulada por movimentos nascidos nas ruas durante as manifestações pelo impeachment de Dilma Roussef. São mais conservadores e pessoas de extrema-direita e menos liberais direitistas. Nas redes sociais, o movimento do dia 15 é puxado por parlamentares e ativistas que apoiam fervorosamente o governo.
Apesar de reforçarem que o foco é apoiar o governo, manifestantes ainda compartilham propagandas com frases contra o parlamento. Ainda que o governo tente dar outro rumo, o sinal dado implicitamente será de pressão e crítica ao parlamento.
Por isso, o resultado das manifestações terá influência direta na saúde política do governo e, em especial, na relação do próprio Presidente com o Legislativo.
Se os atos forem bem sucedidos, vão reforçar a ideia de que, radicalizando, o presidente consegue pressionar o Congresso e avançar na agenda. Mas, para isso a manifestação precisa ser grande para que o Congresso se sinta acuado.
Por outro lado, se os protestos forem fracos, a conclusão pode ser que o poder de pressão do governo é limitado e o Parlamento pode ter margem para agir sem a preocupação de fortes reações da sociedade. Se isso acontecer, Bolsonaro entra numa sinuca de bico. Terá basicamente duas opções: subir ainda mais o tom e se isolar ou tentar reconstruir a relação com o Congresso.
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