Uma mulher exemplo

Dona Erica cita continuidade no tratamento para a cura da doença “Tem que ter coragem e muita fé” | Preto no Branco

Com um sorriso nos lábios e muita animação. Assim a dona Erica recebeu a reportagem do Preto no Branco em sua casa no Jardim Clarito. A idosa, no auge dos seus 80 anos tem muita história para contar e, a mais emocionante delas é sua luta, por duas vezes, contra o câncer.

Casada com seo Osvonildo Ribeiro da Silva há quase 30 anos, ela conta que a primeira vez que descobriu a doença, há mais de 15 anos, não se assustou. “Eu sempre fazia acompanhamento médico, fazia meus exames periódicos e até então ninguém imaginava que eu tinha câncer. Quando a doença foi descoberta ela já estava bem avançada”, disse Erica.

Ela conta que por cerca de cinco anos tentou, de todas as formas, fazer com que o câncer não se alastrasse para as mamas, mas de nada adiantou. “Quando eu fui operada, que retiraram meu seio, tinham 19 nódulos. Qualquer pessoa teria se assustado, mas eu jamais tive medo da doença”.

Com uma alimentação saudável e exercícios físicos – o casal conta que não perdia um só concurso de dança, ela conseguiu se recuperar e fazer todo o acompanhamento necessário. Mas, cerca de dois anos atrás, um novo câncer foi descoberto, dessa vez no intestino e também em estágio avançado.  “Percebi a doença porque minha barriga inchou repentinamente e vi que algo estava errado”.

O tratamento logo começou e ela já está na sua última quimioterapia. “Digo todo dia à ela que se fosse qualquer outra pessoa já tinha desistido. Ela é uma mulher incrível, sempre animada, sempre feliz, não deixa nada abater”, diz o esposo.

E para ter toda essa animação, dona Erica comenta que é bem regrada. “Sempre tive uma alimentação saudável, como frutas, verduras e legumes todos os dias, pratico atividade física e, acima de tudo, tenho fé em Deus”.

Segundo ela, é essa fé que tem feito toda a diferença no seu tratamento. “Todas as vezes que fui ao Ceonc, onde faço tratamento, sempre fui muito bem tratada. E, quando encontro alguém desanimada, já trato de fazer ela mudar. De que adianta se condenar? Nada. Precisamos ter fé, coragem, e acreditar na cura. Se na primeira vez que eu tive câncer eu tivesse caído, certamente teria morrido”.

Questionada justamente a respeito da morte, ela ri. “Todos vamos morrer um dia não é? Mas por enquanto ainda não vou. Tenho muita coisa pra viver, tenho que enfrentar mais essa doença, e voltar a ter a vida que eu tinha antes. Até já estamos planejando uma viagem para quando eu receber alta”. 

Casos na família

Dona Erica conta ainda que ela não foi a primeira da família a ser diagnosticada com câncer. “Meu pai, minha mãe, meus irmãos, todos morreram com câncer. Naquela época era uma doença que realmente não tinha cura, não tinha todo tratamento que existe hoje. Meu único receio é de que meus filhos, por questões genéticas, também tenham. Mas, se tiverem, se forem diagnosticados com câncer, estaremos juntos para lutar e eliminar a doença”.

A receita

Coragem e fé. Essa  é a receita da dona Erica para quem é diagnosticado com câncer. “As pessoas quando ouvem do médico que estão doentes logo se imaginam morrendo, e isso é totalmente errado. Tenho uma vizinha, inclusive, que está deitada em uma cama e disse que já desistiu de lutar. Isso não pode, é errado”.

Questionada a respeito do que faz a diferença  no tratamento, a idosa cita a determinação. “O que vi ao longo desses anos é que muitas pessoas, na maioria mulheres, começam o tratamento e desistem. Elas vão, fazem uma sessão de quimioterapia, pensam que já estão curadas e demoram semanas ou meses pra voltar. Isso é muito errado e prejudica todo o tratamento. Se começou, tem que acabar. Isso sim faz a diferença”.

 

Câncer de Mama corresponde a 30% dos atendimentos

Com mais de 2.600 casos atendidos somente em 2018, o Ceonc é um dos hospitais de referência na região para o tratamento do câncer nos seus mais variados tipos. De acordo com os números de 2018, mais de 58% das mulheres que fizeram tratamento oncológico no hospital foram diagnosticadas com câncer de mama: foram 1.546 atendimentos.

De acordo com o médico radiologista Jocelito Ruhnke, dados nacionais do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que o câncer de mama está relacionado a 30% dos tipos que acometem as mulheres. “Na sequência vem o câncer do cólon e reto, do colo uterino, e depois os tipos ligados ao tabagismo, como câncer de pulmão, traqueia e brônquios, tireoide, estômago, ovário, corpo uterino e na sequência os linfomas”.

Segundo ele, não há como dizer que as mulheres ou os homens estão mais suscetíveis a doença. “Cada sexo tem suas particularidades, mas o que percebemos é que a doença em si está basicamente ligada aos hábitos das pessoas. Um dos exemplos são os vícios, como o cigarro, que está diretamente ligado ao câncer de pulmão ou outros que acometem o aparelho respiratório”.

O médico cita, por exemplo que além do câncer, outras doenças estão diretamente ligadas aos hábitos e vícios. “Não só o câncer, mas as doenças do aparelho circulatório, os AVCs (Acidente Vascular Cerebral), as doenças neurológicas, a impotência sexual no caso dos homens, dentre outras”.

“Sinais clínicos devem ser observados sim, mas os exames e diagnósticos precoces devem ser feitos”, diz médico Jocelito Ruhnke | Divulgação

 

Questionado se o câncer aumentou ou se foi o diagnóstico, Jocelito ressalta que os dois casos estão diretamente ligados. “O que percebemos ao longo dos anos é que a população tem vivido mais, e com isso a incidência do câncer aumentou. Por outro lado os exames de diagnóstico precoce têm feito a diferença”.

Um dos fatores frisados pelo médico é a questão das escolhas feitas no dia a dia. “As boas práticas de alimentação, a atividade física,  o sono de forma correta, o descanso, todos promovem a boa saúde. O ser humano nasceu pra isso, com exceção de quem nasceu com alguma patologia”.

Sobre a relação dos fatores externos com a doença, Jocelito diz que eles andam em sintonia. “O ser humano é feito de um binômio: aquilo que é genético e aquilo que é exposto ao seu meio. Então o meio determina a maioria das doenças.  Hábitos e vícios, a falta de atividade física, alimentação inadequada, não só a quantidade mas também a qualidade, fizeram com que as doenças de um modo geral aumentassem. Não só o câncer, mas a hipertensão, o diabetes, a pressão alta, depressão, ansiedade, entre outras”.

Em alerta

Uma das principais questões no que diz respeito ao câncer é se ele ‘avisa’ o organismo. Conforme o médico, a doença não traz sintomas em suas fases iniciais. “Sinais e sintomas surgem em estágios médios e avançados da doença. Sinais clínicos devem ser observados sim, mas os exames e diagnósticos precoces devem ser feitos. São os exames de rotina, os exames de diagnostico precoce que chamamos de exames preventivos, a chave para o tratamento adequado e a cura. E, acima de tudo, os fatores ambientais estão largamente relacionados ao adoecimento do ser humano”.

Atendimentos

Câncer de mama 1.546

Câncer de cólon (trato digestivo) 168

Câncer de colo de útero 134

Câncer de pulmão 109

Leucemia 92

Linfoma 75

Câncer de estômago 64

Câncer de ovário 58

Câncer de Esôfago 35

Câncer de reto 28

 

Total 2.662

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